Um estudo divulgado na revista “Perception” nesta segunda feira (21/09), aponta que os dedos dos pés são imperceptíveis ao tato.
Para o estudo, um teste simples foi aplicado como forma de avalição. Apenas um toque nos dedos dos pés, um por vez, sem que o voluntário olhasse, entretanto, tentasse adivinhar qual dedo estava sendo tocado. O experimento que pareceu ser bem comum, surpreendeu até os participantes. Cerca de metade das pessoas foram incapazes de identificar os dedos corretamente.
Em entrevista a Agence France-Presse – AFP, Nela Cicmil da Universidade de Oxford, co-autora do estudo, explicou que a proporção média de acertos para os segundo, terceiro e quarto dedos em humanos saudáveis foi menor do que o esperado entre 57% e 79%, respectivamente.
Já nas mãos, o mesmo teste produziu uma precisão de 99 %, enquanto os dedos grandes e pequenos dos pés foram corretamente identificados em 94 % dos casos.
O estudo contou com um grupo de 19 voluntários saudáveis, na faixa etária entre 22 e 34 anos, e resultou em algumas descobertas surpreendentes, a exemplo, confundir o segundo dedo do pé com o terceiro, e o terceiro com o quarto. No decorrer da pesquisa, também foi observado que quase metade dos participantes relataram espontaneamente terem sentido como se um de seus dedos estivesse “perdido”.
Cicmil afirma que o grupo de pesquisa sabia que algumas doenças poderiam causar este fenômeno de agnosia – incapacidade de reconhecer certos estímulos – entretanto, as pessoas testadas eram saudáveis.
A agnosia é uma característica de muitas doenças neurológicas e psiquiátricas. Pacientes com síndrome de Gerstmann – uma doença neurológica – não conseguem distinguir os dedos sem olhar para eles.
A pesquisadora enfatiza que por um lado, se é normal errar na identificação de seus dedos do pé, tais testes, não devem ser utilizados para diagnosticar danos cerebrais. No entanto, os resultados podem ajudar pessoas que sofrem de outras formas mais graves de agnosia ou imagem corporal equivocada.
Apesar da descoberta surpreendente, Cicmil garante que uma melhor compreensão dos mecanismos cerebrais que levam a erros simples de representação do corpo, como este estudo o qual também lidera, vai ajudar a entender distúrbios de imagem corporal em casos mais complexos, como a anorexia.
L.O.