Entre os dias 10 a 12 de agosto, estiveram reunidos, em Santarém (PA), profissionais e estudantes de diversas partes do mundo para o ‘Curso Internacional de Neurocirurgia Pediátrica’, no Anfiteatro Selva, no restaurante Casa do Saulo, na praia do Carapanari. A programação do evento – que é realizado pela Sociedade Internacional de Neurocirurgia Pediátrica (ISPN) e Federação Latinoamericana de Sociedades de Neurocirurgia (Flanc) – conta com quase 60 palestras e discussões de casos. Vieram palestrantes dos Estados Unidos, França, Reino Unido, Chile e Colômbia, além dos convidados brasileiros.
O evento recebeu mais de cem participantes, que se deslocaram de vários lugares do Brasil e até de outros países. Além do interesse pelo próprio curso, o cenário paradisíaco da Amazônia, aliada à cultura e culinária paraense, também tem agradado. “O curso está sendo bem legal, as aulas são muito interessantes. A região é incrível, não esperava ser tão diferente e tão bonito. Está superando as expectativas”, conta a residente de Neurocirurgia, Nastassja Sales, que mora no Rio de Janeiro.
Ela veio com a estudante de Medicina Eva Rollim. “Estou achando inusitado para um evento de Neurocirurgia, porque nós sempre nos reunimos em locais de grandes centros, em locais que tem vários médicos. E, quando soubemos que seria aqui, o primeiro desafio foi vir para Santarém, porque não conhecíamos o local. E, realmente, só está presente quem realmente gosta do assunto, quem quer se aprofundar. Para mim, que ainda estou descobrindo o que quero fazer na residência, está sendo muito importante e proveitoso”, diz.
O Governo do Estado do Pará e a Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar são apoiadores do evento. “Este evento, de âmbito internacional, passa a dar a condição excepcional das pessoas que aqui trabalham, na parte de Neurologia, principalmente no Hospital Regional de Santarém, de conviver com os convidados nacionais e internacionais, e ter a condição de trocar experiências. Isso vale muito para agregação de valores das práticas que vão ser constantes quando você faz um bom atendimento no hospital, porque isso se traduz na qualidade do hospital”, explica o secretário de Estado de Saúde Pública, Vitor Mateus.
Para o secretário, é fundamental investir em conhecimento, principalmente na área da saúde. “A gente teve, da parte do Governo do Estado e da Pró-Saúde, esta sintonia para que essas questões possam ser, cada vez mais, realizadas sob a condição de uma oportunidade que está sendo colocada, não só para os que estão aqui, mas para aqueles que possam criar uma semente do incentivo que se possa agregar serviços novos na região”.
O diretor de Operações da Pró-Saúde, Jocelmo Mews, diz que apoiar a formação profissional e disseminação do conhecimento faz parte dos desafios da entidade. “Para nós, da Pró-Saúde, é uma alegria poder apoiar um evento desta magnitude, e de um assunto que é muito importante. Nós precisamos dar mais importância para isso, principalmente aqui, praticamente no meio da Amazônia. Isso faz parte do nosso posicionamento enquanto instituição, o posicionamento de um serviço mais humanizado, de maior qualidade e atenção Àqueles que necessitam, afirma”.
A Pró-Saúde gerencia o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, e mais cinco hospitais públicos no Pará. A unidade do Baixo Amazonas é habilitada como Hospital Ensino desde 2014, tendo como missão institucional aliar o ensino e a pesquisa à assistência de excelência aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). O serviço de Neurocirurgia é um dos principais ofertados.
As palestras abordaram cinco áreas principais: trauma, malformações e deformações cranianas, tumores, hidrocefalia e disrafismo espinhal. “Esse curso é sólido, é conhecimento, educação, e vai ajudar a centenas e centenas de crianças a serem muito melhores tratadas depois de um curso como esse’, comentou o organizador local do evento, neurocirurgião Érik Jennings.
A ideia do curso é promover o conhecimento no interior da Amazônia, considerando que, apesar dos avanços tecnológicos e da disseminação do conhecimento científico médico, grande parte da comunidade neurocirúrgica não tem acesso direto aos núcleos acadêmicos que produzem tais conhecimentos. Essa dificuldade se ressalta ainda mais na região Amazônica, onde existe um vasto território com poucos centros formadores e produtores de conhecimento.
Segundo o diretor Operacional da Pró-Saúde no Pará, Paulo Czrnhak, para que haja uma melhor qualidade de vida na região é primordial o desenvolvimento e esse ocorre quando o conhecimento é disseminado. ‘Estamos contribuindo no Pará com o desenvolvimento regional por meio dos hospitais, que como o HRBA, estão desempenhando um papel de formador de profissionais. Cursos, como este, que trazem médicos altamente especializados são essenciais para a troca de experiências e assim, o aprimoramento das técnicas aqui já utilizadas’, comentou.
O evento é uma atividade de educação continuada e disseminadora de conhecimentos e da prática neurocirúrgica segura. O presidente da ISPN, William Harkness, fala que está encantado com o cenário da região e com o comprometimento dos participantes. “É um prazer estar aqui representando a ISPN. É muito importante que este curso ocorra aqui, nesta região. É um esforço conjunto, nacional e internacionalmente”.
Apenas dois cursos desse tipo são realizados anualmente na América Latina. O primeiro deste ano aconteceu em Buenos Aires, na Argentina. O representante da Flanc, Kemel Ghotme, agradeceu a oportunidade em estar no evento. “Em nome da Flanc, é muito importante compartilharmos os conteúdos desse curso, que são fundamentais para o avanço do conhecimento. É um prazer único”.
O evento também conta com o apoio da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia Pediátrica, Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Academia Brasileira de Neurocirurgia, Casa do Saulo e Prefeitura de Santarém.