O crime organizado no Brasil tem se infiltrado em setores econômicos como mineração, mercado imobiliário, comércio de combustíveis e transporte público, impactando negativamente o crescimento econômico do país. Estudo da Esfera Brasil, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, estima que o fluxo ilegal de cocaína no Brasil possa gerar cerca de R$ 335 bilhões, equivalentes a 4% do PIB nacional.
O levantamento identificou 72 facções criminosas no país, sendo duas com atuação transnacional. O Primeiro Comando da Capital (PCC) está presente em 23 estados, com forte influência nas fronteiras com Paraguai e Bolívia, enquanto o Comando Vermelho atua em 20 estados, principalmente nas regiões Norte e Nordeste.
Apesar de existirem mais de 1.500 instituições de segurança pública no Brasil, a falta de coordenação entre elas dificulta a integração de dados e o combate efetivo ao crime organizado. Para enfrentar esse desafio, o estudo propõe medidas como a aprovação de uma Lei Geral de Proteção de Dados de Interesse da Segurança Pública, a criação de um comitê interministerial de combate ao crime organizado, o fortalecimento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e a regulamentação de criptoativos e do setor de apostas.
Pierpaolo Bottini, advogado criminalista e consultor do estudo, destaca a importância de entender o funcionamento das organizações criminosas e a origem de seus recursos para combatê-las efetivamente. Ele enfatiza a necessidade de regulamentar o sistema de informações e o combate à lavagem de dinheiro, além de fortalecer órgãos como o Coaf, para impedir que essas organizações se financiem e continuem operando.