Uma pesquisa realizada com 2.511 crianças, com idades entre seis e doze anos, feito por Instituto de Psiquiatria (IPq) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mostra que 80% daquelas com transtornos mentais (ansiedade, fobias, déficit de atenção, hiperatividade, esquizofrenia, etc.) não recebem nenhum tipo de tratamento médico ou psicológico. A pesquisa envolveu crianças s, oriundas de escolas públicas de duas metrópoles brasileiras, São Paulo e Porto Alegre. Nos outros estados brasileiros a situação deve ser igual ou pior.
Segundo o psicologo e pesquisador do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP (IPq Daniel Fatori, as consequências de uma doença não diagnosticada nem tratada no tempo certo durante a infância são as sequelas na vida adulta: agravamento dos sintomas e o problema se tornar crônico, explica Fatori. Como exemplo, cita um quadro de surto psicótico. Se o paciente não tem acompanhamento adequado, “cada vez que o episódio acontece, as conexões neurais vão sendo afetadas, o que aumentaria as chances de outra ocorrência”, relata.
Em um contexto mundial, 13% das crianças e adolescentes sofrem de transtornos mentais e quase metade não recebe acompanhamento médico.
Por que os pais não procuram tratamento?
Segundo Fatori, as causas principais que retardam ou impedem a procura de tratamento para as crianças são a falta de informação “Os pais não querem que os filhos sejam vistos como loucos e desajustados e, às vezes, imaginam também que vão tomar medicamentos controlados por toda a vida. A falta de conhecimento sobre o assunto, por exemplo, poderia levar uma depressão infantil ser avaliada pelos pais como introspecção e quietude da criança”, relata.
Entre outras causas, o psicólogo cita a escassez de recursos humanos para atendimento e a melhoria da integração dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) – da Atenção Básica de Saúde (ABS) e dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
Fonte: Jornal da USP