CPI apura torturas em calouros em faculdade de medicina

Uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembleia Legislativa de São Paulo criada para apurar trotes violentos no Estado vai investigar um manual para calouros da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto), que afirma que os calouros são inferiores a cães. O livreto feito por veteranos de 2014 traz frases como “na Famerp a palavra de ordem é hierarquia, portanto, respeite a todos os anos superiores a você, (…) o cachorro da rua que nesse momento também é mais importante que você”.

Estudantes já ouvidos pela CPI, contaram que o Manual do Bixo era vendido por R$ 600 e dava direto a entrada nas festas onde, segundo a CPI, alunos novatos sofriam tortura e uma série de humilhações promovidas pelos veteranos. Tanto a publicação do manual quanto os casos de trote violento são investigados por uma sindicância interna da Famerp.

Atualmente, as festas estão proibidas dentro da instituição e segundo a Famerp, no trote de 2015, houve a presença da polícia e do Ministério Público. e não houve relatos de qualquer tipo de violência.

A maior rigidez na fiscalização dos trotes foi tomada depois que, no ano passado, um estudante resolveu abandonar o curso de medicina por conta de um trote violento. O caso foi registrado na polícia. Segundo o calouro, houve agressão física contra ele durante uma festa organizada por veteranos em uma chácara. Além de levar socos e chutes, o calouro relata ter sido obrigado a ficar de joelhos e carregar garrafas de cerveja enquanto veteranos batiam em sua orelha. Veteranos também teriam urinado e jogado vômito no rapaz.

O caso foi enviado ao Ministério Público, que poderá pedir a condenação de alguns veteranos. “O que constatamos foi que houve constrangimento ilegal, crime de menor potencial ofensivo, mas os autores ainda podem ser processados pela Justiça”, afirma o delegado Walter Colacino, que conduziu as investigações.

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