Corporeidade integrativa e reequilíbrio holístico

Rodrigo Aristides

Nas últimas décadas, ações de promoção e recuperação da saúde, bem como prevenção de doenças, tem sido planejadas e executadas regularmente por diferentes instâncias governamentais e não-governamentais em diferentes países, com vistas ao desenvolvimento de sociedades mais saudáveis.

No entanto, essa busca pela construção de sociedades mais saudáveis e felizes tem esbarrado frequentemente em noções equivocadas das relações entre os seres humanos e a natureza. Parece que a compreensão do holismo enquanto noção de ser e estar no mundo perdeu força em seu embate com o poder do pensamento materialista-fragmentário-identitário. A sociedade planetária, a despeito de todos os alertas emitidos por profissionais de saúde e do meio ambiente, continua seu ritmo veloz na direção do consumo predatório e do sacrifício baseado em uma ambição desmedida e inconsequente.

Essa aceleração tem impactado negativamente a saúde da população, na medida em que essas condições, tanto nos mantém em constante estado de estresse quanto retira de nós as condições orgânicas e sociais mínimas para realizarmos as reflexões necessárias sobre as nossas sensações, percepções e vivências. Cotidianamente, nos ocupamos apenas em sobrevivermos às demandas utilizando inconscientemente padrões de repetição automática, dentro dos quais não somos capazes de perceber a nós mesmos, ao outro e ao ambiente. Percebemos menos ainda, o quanto tudo isso negativa o nosso estado de saúde (individual e coletivo), até que adoeçamos ou que sejamos atingidos por alguma tragédia ambiental.

Precisamos resgatar e fortalecer os princípios e valores holísticos de ser e viver no mundo. Esse posicionamento epistemológico visa fornecer alicerces teórico-vivenciais para que a sociedade, uma vez imbuída de recursos integrativos possa analisar, perceber e transformar questões microcósmicas e macrocósmicas de sua vida diária individual e social.

Para isso, nesta coluna que ora se inicia, utilizaremos centralmente uma concepção de corporeidade integrativa sobre a qual dialogaremos tentando estabelecer um processo educacional multiverso visando fornecer recursos conceituais, procedimentais e atitudinais em Práticas Integrativas e Complementares (PIC´s), que possibilitem aos leitores diferentes reflexões e aprendizagens no que diz respeito ao processo de transformação individual e socioambiental.

Sendo assim, poderemos versar aqui desde os benefícios de diferentes manifestações corporais ativas (Taichi, Danças Circulares) até o processo corporal “estático” (yoga, Mindfullness). Do uso de produtos naturais (chás e aromas) ao aproveitamento de luzes e cores. Da manipulação terapêutica (massagens) à mobilização energética por imposição de mãos. Enfim, um grande espectro de possibilidades.

Dissemos corporeidade integrativa, por entendermos o corpo e suas representações objetivas e subjetivas como um todo indivisível (físico, mental, emocional, social, político, espiritual…) cujas dimensões influenciam-se mutuamente e estão intrinsecamente relacionadas com o macrocosmo. Destarte, conceberemos diferentes leituras de realidade (energética e biológica) e propostas de práticas de cuidado, respeitando a priori, as bases filosóficas e simbólicas da PIC que estará sendo abordada.

Para a realização desta ampla tarefa, convidarei diferentes autores que contribuirão com a manutenção desta coluna. Todos(as) eles(as) discentes ou docentes do nosso curso de especialização em Práticas Corporais Integrativas, desejosos em participar ativamente da construção de uma sociedade mais empática, saudável, humanista e feliz. Portanto, sejam bem-vindos a mais esse canal de boas novas e boas práticas de cuidado.

Até o próximo encontro.