Coronavírus já afeta transplantes

Como uma das consequências do novo coronavírus, a baixa nos transplantes de órgãos se fez presente, na contramão, o número de pessoas precisando de um órgão aumenta.

Uma das graves consequências do novo coronavírus, causador da Covid-19, será a diminuição do número de transplantes de órgãos e o consequente aumento de tempo de espera. Em condições normais são realizados cerca de 6 mil transplantes por ano no Brasil, sendo que, atualmente existem 37 mil pessoas na lista de espera, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

Um dos problemas que o Covid-19 já vem refletindo no setor de transplantes é o comprometimento na captação de órgãos, pois devido ao risco de contaminação existe um crescente descarte de doadores por haver risco de transmissão do vírus para o receptor. O médico urologista Victor Paschoalin, responsável pela equipe cirúrgica de Transplante Renal do Grupo CSB Nefrologia & Hemodiálise, explica que “A pandemia de Covid-19 já afeta a realização de transplantes renais em diversas regiões. Havendo sobrecarga do sistema de saúde por conta da assistência a pessoas infectadas com o novo coronavírus, o paciente à espera de um órgão ou tecido pode não ser operado por falta de leitos“.

“Alguns serviços de transplantes já optaram em suspender os procedimentos, como medida para proteger a saúde do paciente. Após a cirurgia, o paciente transplantado precisa tomar medicamentos contra rejeição, que reduzem a capacidade imunológica. Desta forma, o paciente fica mais suscetível a pegar qualquer infecção, inclusive a Covid-19”, explica Dr. Victor Paschoalin.

Segundo o nefrologista Túlio Coelho Carvalho, vice-presidente da Regional Bahia da Sociedade Brasileira de Nefrologia e Coordenador de Transplante Renal do Grupo CSB Nefrologia & Hemodiálise “Uma grande preocupação também é em relação ao abastecimento dos medicamentos a longo prazo, as políticas públicas para logística de entrega dos medicamentos são fundamentais para segurança no processo. A falta da entrega pode acarretar em redução da sobrevida do enxerto e até mesmo perda e óbito”, alerta.

Atualmente cerca de 30 mil pacientes aguardam por um rim em todo o país, na Bahia são 1.100 pacientes à espera de um transplante renal. Para lidar com a atual ameaça, Dr. Tulio Carvalho conta: “Como estratégia para manutenção do programa de transplante renal, adotamos as recomendações da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), realizando transplante com risco imunológico baixo e usando imunossupressão com menor potencial de risco”.  Em abril foram realizados quatro transplantes renais realizados pela equipe do Grupo CSB e do Hospital Dom Pedro de Alcântara, no município baiano Feira de Santana. “Nossa meta é  manter 75% em números absolutos o quantitativo de transplante comparado com ano 2019, para isso é fundamental a manutenção do doador” explica Dr. Túlio Carvalho.

DOAÇÃO DE MÚLTIPLOS ORGÃOS BAHIA

ABRIL 2019- 13

ABRIL 2020- 6

DOAÇÃO DE RINS

2019- CADÁVERES (287)- INTERVIVOS (19)

2020- CADÁVERES (96)- INTERVIVOS (2)

DADOS IMPORTANTES

 

PACIENTES TRANSPLANTADOS

Fazem parte do grupo de risco mais suscetível ao COVID-19 devido ao uso de medicamentos imunossupressores, que diminuem a imunidade. Dessa forma, se contrair o COVID-19, a defesa do organismo de lutar contra o vírus, fica prejudicada.

PORTADORES DE DOENÇAS RENAIS CRÔNICAS (DRC)

Estão no grupo de risco do covid-19 por não produzirem hormônios renais e terem baixa imunidade. São 133 mil pacientes nestas condições no Brasil, que mesmo em risco precisam de sessões frequentes de hemodiálise.

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