Em apenas dois meses, o Rio Grande do Sul e áreas próximas do território gaúcho, sofreram com nove ciclones extratropicais, o que deixa em alerta a população do estado. O último evento teve registro na última terça e quarta-feira (27).
Nos meses de junho e agosto, o RS teve uma passagem de ciclone em cada mês. Em julho, foram contabilizados três. Em setembro, já são quatro ocorrências. De acordo com, Luciano Zasso, coordenador do curso de Geografia da Escola de Humanidades da PUCRS, “normalmente acarretam um episódio de chuva e depois da passagem dele a gente fica com um ar frio na retaguarda. Esse ano a gente tá vendo uma recorrência muito maior, mais frequente desses eventos e com uma intensidade também mais acentuada”.
Os ciclones extratropicais formam-se pelo contraste de temperaturas das massas de ar quente e frio que se encontram no RS. O ar frio vem da Argentina e do Uruguai, e o ar quente e úmido é empurrado do alto do continente pelo El Niño.
“O contraste térmico entre o Sul do continente e a Região Central do Brasil, que vem enfrentando temperaturas elevadas, e a intensificação do El Niño justificam essas chuvas mais intensas e a formação de ciclones que se deslocam para alto-mar”, explica o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Marcelo Schneider.
O El Niño se caracteriza pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico. A Climatempo Meteorologia afirma que durante a primavera a tendência é que o fenômeno ganhe força. Com isso, mais ciclones podem se formar, ou outros sistemas de baixa pressão atmosférica, que podem provocar mais chuva sobre o RS. Além disso, a chuva deve ficar acima da média histórica nos meses de outubro, novembro e dezembro. Segundo a Climatempo, com o grande volume de água que já caiu no estado, devem esperar outros eventos como cheias, inundações e transtornos.