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Como funciona implante para tratar depressão resistente

Pela primeira vez no Brasil, dois pacientes receberão implantes de um aparelho de estimulação do nervo vago para tratar depressão resistente. As cirurgias ocorreram na última sexta-feira (11) com condução de Knoner Campos no Hospital SOS Cárdio, em Florianópolis (SC).

O tratamento, já era utilizado para pacientes com crises epilépticas. O procedimento, consiste em estimular diretamente o cérebro: o implante ativa o nervo vago, que envia sinais elétricos ao órgão, afetando os neurotransmissores e as áreas cerebrais associadas ao humor.

Assim, os estudos levaram à autorização do uso do dispositivo em pacientes com depressão resistente nos Estados Unidos, na Inglaterra, e, em 2019, no Brasil — o terceiro país a oferecer a alternativa de tratamento.

Além disso, esses tratamentos incluem o uso de cetamina (um anestésico aprovado pela Anvisa para esse fim em 2020); a estimulação magnética transcraniana, uma técnica não invasiva que envolve a aplicação de campos magnéticos de baixa intensidade para estimular áreas específicas do cérebro; e a eletroconvulsoterapia, que envolve a indução controlada de convulsões por meio da aplicação de correntes elétricas no cérebro.

Como funciona o implante

O nervo vago, alvo do tratamento se estende do crânio aos órgãos abdominais, desempenha um papel vital na regulação de diversas funções orgânicas, incluindo coração, pulmões e intestino.

Dessa forma, a teoria do uso do estimulador de nervo vago na depressão baseia-se na influência positiva nos aspectos cerebrais do humor e regulação emocional. Estudos sugerem que a estimulação do nervo vago pode modular redes neurais desequilibradas na depressão, contribuindo para a melhoria dos sintomas.

A forma como o aparelho estimulador é implantado se assemelha muito à do popular marca passo. Na cirurgia, uma incisão é feita para colocá-lo sob a pele abaixo da clavícula esquerda ou próximo da axila esquerda. Assim, na sequência, uma segunda incisão é realizada no pescoço para fixar três pequenos eletrodos ao nervo vago esquerdo, e esses eletrodos são ligados ao gerador por um condutor sob a pele.

Além disso, o dispositivo não impede o paciente de iniciar novos tratamentos, como o uso de medicação ou psicoterapia.

Testes clínicos feitos com 795 pacientes em cinco anos nos Estados Unidos indicaram melhora significativa da depressão refratária em aproximadamente 70% dos envolvidos, além da recuperação completa de aproximadamente 40% dos pacientes.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) até 2030 a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas. Na América Latina, segundo a OMS, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão, além de ser o segundo país com maior prevalência em todas as Américas.

 

 

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