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Combate ao tracoma em Miguel Calmon

Começa em Miguel Calmon, município do centro-norte baiano, nesta quinta-feira (22.10), o Projeto de Capacitação de Ampliação de Abordagem Itinerante para a Prevenção, Detecção e Tratamento precoce do Tracoma, etapa do programa “Saúde sem Fronteiras-Oftalmologia”. A iniciativa tem a finalidade de capacitar médicos e enfermeiros, ampliando o acesso ao diagnóstico e tratamento dos casos de tracoma –  doença que provoca deficiência visual e cegueira- bem como identificar os casos de triquíase em escolares, nos municípios baianos.

Serão capacitados médicos e enfermeiros que atuam na Atenção Básica dos municípios de abrangência de etapas do Saúde sem Fronteiras-Oftalmologia. O curso terá a duração de 8h, e será ministrado através de palestras sobre a estrutura do programa de controle do tracoma, epidemiologia e sistema de informação, anatomia, fisiopatologia, diagnóstico e tratamento.

Afeccções oculares

A tracoma é uma afecção ocular crônica, recorrente e repetitiva, considerada a doença de maior disseminação no mundo. Estimativas da Organização Mundial de Saúde do ano de 2003 revelam em torno de 84 milhões de pessoas no mundo com tracoma ativo e, destes, sete milhões com triquíase tracomatosa, e 1,3 milhões de cegos. O tracoma é prevalente em países da África, do Oeste do Pacífico, Sudeste Asiático, aparecendo com menos freqüência nos países da América e na Austrália.

Todos os indivíduos são suscetíveis à doença, principalmente as crianças de 1 a 10 anos. Não se observam imunidade natural ou adquirida à infecção por Clamydia trachomatis.

O tracoma ocorre em locais com precárias condições de vida, com inadequadas condições de habitação, grande concentração populacional, precariedade de saneamento básico, baixo nível educacional e cultural. Outros fatores também relacionados à presença de tracoma em uma comunidade são presença de insetos vetores, deslocamentos populacionais e presença de outras doenças oculares.

De acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), responsável pela iniciativa, as ações de controle do tracoma não são priorizadas pelos gestores municipais, e fatores como a alta rotatividade dos profissionais de saúde, a falta de médicos com propriedade para diagnosticar e tratar os casos de tracoma geram a descontinuidade das ações e estratégias.

A vigilância epidemiológica do tracoma tem como principal estratégia de ação a busca ativa de casos entre escolares da rede pública e comunicantes (domicílio) para diagnóstico precoce e tratamento imediato dos casos ativos detectados, objetivando interromper a cadeia de transmissão. Além da busca ativa são desenvolvidas ações educativas para divulgação e prevenção.

Já a triquíase é uma doença que consiste no desvio do crescimento das pestanas para dentro, ou seja, em direção ao globo ocular. Pode ser congênito ou adquirido e a pálpebra normalmente conserva a sua posição normal.

A consequência mais comum é a irritação permanente da conjuntiva bulbar e da córnea, podendo resultar em conjuntivite ou ceratite. Um dos sintomas mais evidentes no quadro de triquíase é a sensação de areia nos olhos causada pelo atrito entre os cílios, córnea e conjuntiva.

*Redação Portal Saúde no Ar

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