Na infecção pelo HIV, o vírus produz inúmeras cópias no organismo humano. Quanto mais cópias produzidas, maior é a quantidade de vírus presente no sangue, a chamada carga viral.
Os medicamentos antirretrovirais, utilizados no tratamento, impedem o processo de replicação viral e reduzem a carga viral. O objetivo do tratamento é reduzir a carga viral a níveis indetectáveis pelos exames clínicos, para evitar o enfraquecimento do sistema imune e garantir a qualidade de vida.
Apesar dos benefícios, pesquisadores apontam que a infecção pode acelerar o envelhecimento de ossos e de músculos. Dessa forma, com o objetivo de frear esse processo, cientistas da Universidade de Augusta, nos Estados Unidos, analisam se drogas estudadas em ensaios clínicos para o câncer podem ajudar nesse contexto.
Análise de compostos
Os pesquisadores investigam o triptofano, um aminoácido com função importante para o metabolismo que tende a diminuir com o envelhecimento. Conforme avança a idade, os níveis de triptofano tendem a diminuir, enquanto aumenta uma enzima natural chamada indoleamina, que ajuda a quebrar o triptofano em produtos como a quinurenina, associada à produção de combustível para as células.
A quinurenina mais alta produz níveis mais altos de estresse oxidativo destrutivo, que danifica estruturas celulares. Dessa forma, as células deixam de obter toda a energia de que precisam, levando a um aumento da inflamação e possível envelhecimento de ossos e de músculos.
Recentemente, os cientistas da universidade descobriram que essas dinâmicas relacionadas ao envelhecimento podem aumentar o estresse oxidativo e induzir o processo de envelhecimento, chamado senescência, nas células-tronco da medula óssea, que produzem células dos ossos e dos músculos.
Com a senescência, basicamente, as células normalmente não morrem, apenas param de funcionar de maneira ideal ou podem ter sua função alterada, começando a secretar fatores inflamatórios. Os pesquisadores afirmam que problemas com estresse oxidativo e senescência provavelmente resultam dos medicamentos antirretrovirais que afetam as “usinas celulares”, ou mitocôndrias, de modo que não funcionam de maneira eficiente.
De acordo com Hamrick, o resultado é a aceleração do envelhecimento em cerca de uma década, observando que outros aspectos, como o declínio cognitivo, também parecem afetados.
Agora, os cientistas buscam intervir no processo de que leva ao enfraquecimento do organismo de maneira precoce. Eles têm evidências de que, por exemplo, marcadores de atrofia muscular, perda óssea e ativação de AhR estão todos aumentados em seu modelo de camundongo de infecção por HIV. Por outro lado, eles têm evidências iniciais de que eliminar o AhR ou inibi-lo com drogas aumenta a saúde e força muscular e óssea em testes com os animais.
Assim, os pesquisadores analisam tanto o impacto dos inibidores da indoleamina quanto os medicamentos que inibem diretamente o AhR. Os novos estudos também testam a hipótese de que a ativação excessiva do AhR é a chave para os danos ósseos e musculares que ocorrem com o envelhecimento e para a aceleração dos problemas com a infecção e o tratamento do HIV.
Fonte: CNN