Os pesquisadores Thomas Lindalh, da Suécia, Paul Modrich, dos Estados Unidos, e Aziz Sancar, da Turquia, foram os vencedores do Prêmio Nobel de Química, pelo estudo de mecanismos que permitem a reparação do DNA, a molécula que contém as informações para o desenvolvimento e funcionamento dos seres vivos. Eles vão dividir os 8 milhões de coroas suecas (US$ 963 mil) do prêmio em três partes iguais.
Os cientistas descobriram mecanismos que existem em praticamente todos os seres vivos e servem como “caixas de ferramentas” naturais para consertar defeitos que surgem espontaneamente.
Lindalh, de 77 anos, é ligado ao Instituto Francis Crick e ao Laboratório Clare Hall, ambos no Reino Unido; Modrich, de 69 anos, à Escola de Medicina da Universidade de Duke (EUA), e Sancar, também de 69 anos, da Universidade da Carolina do Norte (EUA).
O DNA é uma molécula relativamente instável e sua composição pode ser danificada por raios ultravioleta, por substâncias tóxicas e por próprio processo de duplicação, que envolve uma química sofisticada.
A estrutura do DNA foi descoberta em 1953, e até a década de 1970, cientistas ainda acreditavam que ele fosse uma molécula estável. Trabalhos de Lindahl, porém, mostraram que o DNA era tão frágil que tornaria impossível a existência da vida sem um meio de proteção. O próprio sueco passou a investigar o problema e descobriu um mecanismo chamado de “reparação por excisão de base”, que fica em alerta para erros na cópia das bases nitrogenadas que compõem as “letras” do código do DNA.
A conceder uma entrevista à imprensa, por telefone, Lindal se disse surpreso com o anúncio do prêmio. “Eu sabia que, ocasionamente, em outros anos meu nome já havia sido considerado para o prêmio, mas até aí, centenas de outras pessoas também foram” afirmou. “Me sinto muito sortudo e orgulhoso.” Na entrevista, o cientista ressaltou a importância do estudo dos mecanismos de reparos de DNA para o desenvolvimento de medicamentos.
– As drogas contra o câncer –afirmou – frequentemente agem danificando o DNA da célula tumoral para tentar matá-la, e a célula tumoral reage tentando reparar seu DNA”, explicou. “É uma faca de dois gumes: somos gratos por ter reparo de DNA, mas não nos agrada que as células tumorais o tenham também. Temos de compreender esses mecanismos para que possamos fornecer boas terapias seletivamente.”
Segundo o cientista, medicamentos que tentam atacar parasitas como vírus e bactérias também tem esse aspecto em foco. “Os mecanismos de reparo de DNA são distribuídos universalmente: todas as células vivas possuem esquemas que são mais ou menos eficientes”, explicou. “Tentamos identificar alvos frágeis em patógenos que atuam reparando DNA para que possamos tentar danificá-los.”
*Redação Portal Saúde no Ar