Chikungunya não é leve e pode ser incapacitante

A epidemia causada pelo vírus Chikungunya, que atualmente se espalha pelo Brasil ao lado do vírus da Dengue e do vírus Zika, foi tema de simpósio realizado recentemente na Academia Nacional de Medicina(ANM), com apresentação do infectologista e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Carlos Brittes.

 

Após a palestra de Brittes, o tema foi discutido amplamente no simpósio e a conclusão foi a de que a doença não pode ser considerada “uma dengue leve” como se pensava no início, pois pode ser grave e é incapacitante, podendo evoluir para dores articulares crônicas, o que a torna um problema de saúde pública.

A Academia chamou a atenção para a possibilidade da febre Chikungunya se tornar epidêmica em nosso país, pois embora o Ministério da Saúde tenha informado a ocorrência de 211 casos até outubro, apenas em Feira de Santana, na Bahia, já foram diagnosticados 1.245 casos.

Aedes são mosquitos agressivos

Um dos problemas da infecção, conforme reportagem publicada pelo Jornal do Brasil,  é que não há vacina contra ela e a prevenção deve ocorrer evitando-se picadas de mosquitos vetores que podem ser identificados por faixas brancas sobre os seus corpos e pernas negras (aedes Aegypti e aedes Albopictus).

Esses aedes são mordedores agressivos, preferem o dia com pico de atividade de alimentação ao amanhecer e ao entardecer. Para se proteger deles, o mais indicado é a cobertura das áreas corporais expostas a picada e o uso de repelentes.

A eliminação de criadouros potenciais para o mosquito transmissor é de suma importância no combate à disseminação da doença: recipientes contendo água parada, lixo e detritos em geral devem ser removidos das proximidades das residências, reduzindo o risco de proliferação dos mosquitos transmissores desta virose.

História da Chikungunya

Conforme a matéria sobre o tema, publicada no Jornal do Brasil, a febre Chikungunya teve seu vírus isolado pela primeira vez em 1952, em um paciente febril durante um surto na Tanzânia. A palavra Chikungunya, em dialeto Makonde da Tanzânia, significa “aqueles que se dobram”, uma referência a uma das características clínicas da doença, que apesar de pouco letal, é muito limitante. O paciente tem dificuldade de movimentos e locomoção por causa das articulações inflamadas e doloridas, daí o “andar curvado”.

A infecção até recentemente era limitada à África subsaariana, entretanto, a partir de 2004, ocorreram epidemias no Quênia, e alastramento da infecção para as ilhas do Oceano Índico. Entre 2004 e 2006 estima-se que ocorreram 500 mil casos nesses locais.

A partir destas áreas, a infecção se espalhou pelo sudeste asiático, e mais recentemente, atingiu a França, ilhas Reunião (maior epidemia, com 266 mil pessoas acometidas – 34% da população). Em 2006 atingiu a Índia, em 2007 Ravena na Itália, em 2013 América e Caribe e chegou ao Brasil em dezembro de 2014, no Oiapoque, Amapá.

Hoje, a infecção alastrou-se pelo território nacional brasileiro, e conforme a Academia, provavelmente se tornará endêmica em nosso meio.

Características da doença

As manifestações clínicas da infecção incluem, após um período de incubação de 1 a 12 dias:

• Febre alta de início súbito, dores musculares, dores nas costas, dores nas articulações em geral, sendo que a dor é intensa, incapacitante, impede o sono e o caminhar, com duração média 1 a 3 semanas (podendo chegar a muitos meses).

• Pode ocorrer dor de cabeça, dor de garganta, náuseas, vômitos, diarreia, gânglios cervicais ou generalizados.

• Ocorre ainda fotofobia, conjuntivite, hemorragia conjuntival

• Alteração do estado mental, convulsões, déficits cerebrais

• A hemorragia é rara, mais leve do que na dengue, e mais comum em velhos e crianças.

 

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A.V.

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