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CFM lança plataforma que democratiza acesso a informações sobre os profissionais da medicina no País

Uma plataforma dinâmica, moderna, ágil e atualizada: essa é a proposta da Demografia Médica, uma ferramenta desenvolvida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) com o objetivo de democratizar o acesso a informações sobre a população de médicos em atividade no País. A novidade é mais uma etapa de um projeto iniciado em 2010 e que já conta com cinco publicações consideradas referência no tema.

 

No serviço, que estará disponível para acesso do público a partir do dia 6 de fevereiro (segunda-feira), os usuários encontrarão dados sobre os médicos no Brasil (total de profissionais, razão por habitante, divisão por sexo, idade, perfil de formação), movimento de entrada e saída do mercado (número de egressos/ano, pedidos de inativação/ano), evolução populacional (índices de crescimento da população em geral e da população de médicos), distribuição geográfica (perfil do médico por região, estado, capital, interior, porte populacional) e ranking de estados e capitais.

PARA TER ACESSO, ACESSE DEMOGRAFIA MÉDICA CFM

“Com esse trabalho, o CFM oferece uma importante contribuição para pesquisadores, gestores (públicos e privados) e a população em geral. Ter acesso a dados atualizados sobre o tema, consolidados em um espaço amigável, interativo e intuitivo é fundamental para o desenvolvimento de estudos sobre esse tema, assim como para balizar políticas públicas de saúde”, afirmou José Hiran Gallo, presidente do CFM.

Segundo ele, os dados que estão sendo disponibilizados são de 31 de dezembro de 2022, o que confere grande atualidade às informações. Se antes a Demografia Médica contava com uma atualização off-line, em volume impresso, a cada dois anos (em média), a partir de agora as informações serão atualizadas a cada seis meses, o que permitirá acompanhar com fidedignidade a evolução desse grupo de profissionais.

 

Painéis — Os dados da Demografia Médica foram inseridos em um conjunto de painéis (dashboards) construídos a partir da tecnologia Power Bi, uma plataforma digital da Microsoft de análise unificada de dados. Não será necessário login ou senha para visualizar o conteúdo, que será disponibilizado de modo a permitir que o usuário faça buscas e cruzamentos com facilidade.

 

“Já é de amplo conhecimento que nos últimos anos a profissão médica tem assistido a mudanças significativas nas suas estruturas. Somado aos desafios contínuos existentes na profissão com as funções de normatização, fiscalização, orientação, formação, valorização profissional, o número elevado de jovens profissionais que chegam ao mercado de trabalho anualmente e a evolução tecnológica e da legislação trouxeram a necessidade de avaliação constante desses cenários”, ressaltou o 1º secretário do CFM, Hideraldo Cabeça, coordenador da equipe de desenvolveu esse projeto.

 

Georreferenciamento – O CFM espera que o novo modelo de divulgação dos dados da demografia dos médicos leve, consequentemente, à perene produção de conhecimento sobre os diferentes fenômenos que atingem esse segmento. Inclusive, os responsáveis pela iniciativa salientam que, em alguns meses, novos filtros serão acrescentados, com a intenção de dar acesso a informações desse grupo por município e áreas de concentração, com o uso de tecnologia de georreferenciamento.

 

O presidente do CFM entende que essa ferramenta dá à autarquia chance de, mais uma vez, contribuir para a promoção do bem-estar da sociedade brasileira. “Nela, os diferentes tipos de usuários poderão avaliar, de forma continuada, as mudanças em processo no perfil e na distribuição dos médicos que atuam no Brasil. Com isso, ficará mais fácil monitorar e acompanhar as políticas públicas na área da saúde”, acrescentou.

 546 mil médicos, Brasil deve ultrapassar densidade de profissionais por mil habitantes de países da OCDE

O crescimento acelerado do número de escolas médicas e de vagas na última década levou a um aumento sem precedentes no número de médicos e de sua densidade por grupo de mil habitantes no Brasil. Mantendo-se o mesmo ritmo de crescimento da população e de escolas médicas, dentro de cinco anos, em 2028, o País contará com 3,63 médicos por mil habitantes, índice que supera a densidade médica registrada, por exemplo, na média dos 38 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE).

 

Esta é mais uma das importantes conclusões que podem ser retiradas a partir da análise das informações da plataforma Demografia Médica no Brasil 2023, que o Conselho Federal de Medicina (CFM) lançou nesta segunda-feira (6). Trata-se de uma ferramenta dinâmica, intuitiva e on-line que possibilita aos seus usuários conhecer os números mais recentes sobre a distribuição e o perfil da força de trabalho médica no País. A versão disponibilizada apresenta dados de 31 de dezembro de 2022. Em seis meses, uma nova carga deve ser implementada.

OCDE – Segundo os registros dos Conselhos de Medicina, o número de profissionais mais que dobrou nos últimos 20 anos, passando aproximadamente 200 mil em 2000 para um contingente de 546 mil ao final de 2022. Com isso, a razão de médicos por mil habitantes ficou em 2,56. Dados do relatório OCDE 2021 Health at a Glance, divulgado recentemente, confirmam que o Brasil teve uma das maiores taxas de crescimento na densidade de médicos por habitantes no período.

 

O atual índice brasileiro já é compatível com os de países como Estados Unidos, que tem 2,6 médicos por mil habitantes, Canadá (2,7) e Chile (2,2). Também está bem próximo dos valores do Japão (2,5), Coreia do Sul (2,5). O percentual brasileiro é maior do que o registrado, por exemplo, na China (2), na África do Sul (0,8) e na Índia (0,8).

 

Longevidade – Com o incremento esperado, em cinco anos, o Brasil ultrapassará a razão encontrada atualmente na Nova Zelândia (3,4), Irlanda (3,3), Israel (3,3), Finlândia (3,2), França (3,2), Bélgica (3,2) e Reino Unido (3,0). “O País nunca teve tantos médicos em atividade. Isso ocorreu por uma combinação de fatores: mantém-se forte a taxa de crescimento do número de profissionais, há consistente aumento de novos registros, mais entradas do que saídas de profissionais do mercado de trabalho e um perfil jovem (com baixa média de idade) e maior longevidade profissional”, destacou o presidente do CFM, José Hiran Gallo.

 

Desde 2010, por exemplo, a população brasileira passou de 190,7 milhões para 214 milhões. Se em 2010 a proporção de médicos por mil habitantes era de 1,76, hoje essa densidade é de 2,56. “A perspectiva é de um aumento cada vez mais acelerado. Enquanto a taxa de crescimento populacional reduz sua velocidade, a abertura de escolas médicas e de vagas em cursos já existentes vive um boom. Desde 2010, foram abertas mais de 200 escolas e quase 20 mil novas vagas nestes cursos”, ressaltou José Hiran Gallo.

 

Segundo o CFM, também contribui para o crescimento do número de médicos a diferença entre os médicos que entram e aqueles que saem, resultando em um crescimento natural do contingente de profissionais, ao qual se agregam cerca de 28 mil novos médicos a cada ano. Em 2010, por exemplo, 18,8 mil novos profissionais entraram para o mercado e 6 mil saíram, com saldo de crescimento em torno de 12,6 mil. Como os médicos têm uma vida profissional longa — cerca de 43 anos –, alguns estudos já estimam que o Brasil deve alcançar quase 837 mil médicos em cinco anos.

 

Perfil — A Demografia Médica do CFM, que agora está disponível em formato totalmente on-line, permite que sejam obtidas diversas informações quase em tempo real sobre a força de trabalho da medicina no Brasil. A plataforma mostra que os homens ainda representam 51% do contingente ativo (277,8 mil profissionais) e as mulheres 49% (267,7 mil). A evolução dos indicadores mostra a tendência de que, em poucos anos, as mulheres sejam maioria. Em 1990, elas eram apenas 30% da força de trabalho médica, passando para 39,9, em 2010, e chegando, agora, a quase metade.

 

Pelo diagnóstico do CFM, também é possível ver que a média geral de idade dos médicos em atividade no Brasil vem caindo nos últimos anos. Na Demografia Médica 2015, a média era de 45,7. Agora, está em 44,9. Esse fenômeno é resultado do crescimento do número de cursos e vagas de graduação de Medicina e, consequentemente, da entrada de muitos novos médicos no mercado de trabalho.

 

Para os homens, a idade média, em 2023, é de 49 anos. Para as mulheres, é de 42,5 anos. Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul são os estados que têm idade média mais alta entre a população médica: 50,3 anos e 47,8 anos, respectivamente. Já os estados com médicos mais jovens são Tocantins e Rondônia, com média de idade de 41 anos.

 

 

Brasil possui médicos em quantidade suficiente para atender demandas da população

 

A Demografia Médica 2023, lançada pelo CFM, mostra que o Brasil possui médicos ativos, com registro nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), em número absoluto suficiente para atender às necessidades da população. Mas apesar do significativo contingente, um dos maiores do mundo, ainda há um cenário de desigualdade na distribuição, fixação e acesso aos profissionais. As distorções acontecem sob diferentes ângulos.

 

Pelos dados disponíveis nos painéis, percebe-se que a maioria dos médicos permanece concentrada nas regiões Sul e Sudeste, nas capitais e nos grandes municípios. Nas 49 cidades com mais de 500 mil habitantes, que juntas concentram 32% da população brasileira, estão 62% dos médicos do País.

 

Já nos 4.890 municípios com até 50 mil habitantes, onde moram 65,8 milhões de pessoas, estão pouco mais de 8% dos profissionais da área, ou seja, em torno de 42 mil médicos. Estas também são algumas das conclusões permitidas pela plataforma Demografia Médica no Brasil, do Conselho Federal de Medicina (CFM). Atualmente, o Brasil conta com cerca de 546 mil médicos ativos, segundo números de dezembro de 2022.

 

Além de inovar, ao incluir buscas por municípios agrupados segundo porte populacional, a ferramenta também permite conhecer dados de capitais e interior. Apesar de juntas responderem por 24% da população do país, as 27 capitais brasileiras reúnem 54% dos médicos. Por outro lado, moram no interior 76% da população e 46% dos médicos. O trabalho mostra ainda que as capitais têm média de 6,21 médicos por mil habitantes. Já no interior esse índice é de 1,72.

 

As diferenças também ocorrem entre as regiões brasileiras. Enquanto no Norte moram 8,8% da população brasileira, nela trabalham 4,6% dos médicos do País. O Nordeste abriga 27% dos brasileiros e 18,5% dos médicos. Por sua vez, o Sudeste responde por 42% da população e por 53% dos profissionais. O Sul e o Centro-Oeste abrigam, respectivamente, 14,3% e 7,8% da população e têm 15,7% e 8,4% dos médicos do País.

 

Fator de fixação e atratividade — “No Brasil, testemunhamos um cenário de forte desigualdade com relação à distribuição de médicos pelo território. A maioria dos profissionais têm optado por se instalar nos estados do Sul e do Sudeste e nas capitais devido às melhores condições de trabalho. Aqueles que moram no Norte, no Nordeste e nos municípios mais pobres, do interior, se ressentem da falta de investimentos em saúde, dos vínculos precários de emprego e da ausência de perspectivas”, destacou o presidente do CFM, José Hiran Gallo.

 

Segundo o conselheiro, o País precisa de políticas de atração e de fixação de médicos. Caso isso não ocorra de forma substantiva, adverte o presidente, a dificuldade no acesso se manterá e a qualidade da assistência na rede pública não atingirá o padrão de qualidade desejado. “Esse cenário de desigualdades se reproduz também no acesso da população aos serviços de saúde e a outros profissionais de saúde”, disse

 

Com este monitoramento em tempo quase real da distribuição e migração de médicos, ressalta Hideraldo Cabeça, 1º secretário do CFM e responsável pela equipe que desenvolveu essa plataforma, “a autarquia pretende democratizar o acesso a informações fundamentais para que gestores públicos e privados possam planejar a alocação e contratação de médicos no Brasil”.

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