Quando estamos ocupados com algo que requer o uso da visão, nosso cérebro reduz a audição para tornar nossa tarefa principal mais fácil.
“É por isso que não é uma boa ideia falar ao telefone enquanto dirigimos,” explica o Dr. Jerker Ronnberg, da Universidade de Linkoping (Suécia).
“O cérebro é realmente inteligente, e nos ajuda a concentrar no que precisamos fazer. Ao mesmo tempo, ele filtra as distrações que são irrelevantes para a tarefa. Mas o cérebro não consegue lidar com muitas tarefas: apenas um sentido em um momento consegue funcionar em seu máximo,” detalha ele.
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Menos audição para concentrar na visão
Para chegar a essas conclusões, Ronnberg e sua equipe fizeram uma série de experimentos e exames que trouxeram uma compreensão mais profunda do que acontece no cérebro quando nos concentramos em tarefas que requerem o uso de diferentes sentidos.
Os voluntários receberam uma tarefa visual, alguns deles em um ambiente calmo e outros com um ruído de fundo perturbador. Imagens de seus cérebros foram capturadas por um aparelho de ressonância magnética funcional (fMRI) enquanto eles faziam a tarefa. Os pesquisadores também avaliaram a função de memória de curto prazo dos alunos através de um teste de memória com cartas.
Os resultados mostram que a atividade cerebral no córtex auditivo continua sem qualquer problema, desde que tenhamos que lidar apenas com um som.
Mas quando o cérebro recebe uma tarefa visual, como um exame escrito, a resposta dos nervos do córtex auditivo se reduz, e a audição torna-se debilitada. À medida que a dificuldade da tarefa aumenta, a resposta dos nervos ao som diminui ainda mais.
Amortecimento das emoções
A conclusão é que uma elevada carga cognitiva sob a forma de uma tarefa visual compromete a resposta do cérebro ao som.
Além disso, os exames mostraram que o enfraquecimento do processamento ocorre não apenas no córtex, mas também nas partes do cérebro que lidam com as emoções.
Como esta é uma informação que não está envolvida com a solução da tarefa, a equipe afirma que fará novos estudos para tentar elucidar o impacto dessa alteração.
“Esta é uma pesquisa básica sobre como o cérebro funciona, e os resultados sugerem muitos caminhos possíveis para novas pesquisas. O conhecimento adquirido pode ser importante para o projeto de futuros aparelhos auditivos. Outra possibilidade é que a nossa investigação irá estabelecer as bases para estudarmos como a deficiência auditiva influencia a maneira com que podemos resolver tarefas visuais,” disse Ronnberg.
Os resultados foram publicados na revista Frontiers in Human Neuroscience.
Fonte: Diário da Saúde
Redação Saúde no Ar
João Neto