‘Carta da Bahia’ é apresentada em fórum para o desenvolvimento sustentável

O I Fórum Internacional de Tecnologias e Inovação Social para as Pessoas e o Planeta encerrou seus debates apresentando a Carta da Bahia e deliberando, principalmente, sobre o tema da segurança alimentar e nutricional. Palestrantes nacionais e internacionais, líderes comunitários, pesquisadores, especialistas em tecnologia, autoridades do poder público, representantes indígenas e quilombolas se reuniram em Salvador para pensar propostas de inovação social, de combate às mudanças climáticas e suas consequências, além de apresentarem e conhecerem iniciativas inovadoras na área. A Carta busca resumir estas discussões e apresentar diretrizes e compromissos assumidos pelas instituições presentes.

Realizado de forma híbrido (online e presencial), o fórum recebeu 800 pessoas e antecede a participação da Fiocruz em futuros eventos organizados pela ONU, como o The Global Sustainable Technology and Innovation Community (G-STIC), em 2023. “O Brasil é um país único em sua forma de unir prática social com tecnologia. Há casos semelhantes em outros países, mas não com a mesma pujança e união entre políticas públicas e sabedoria social”, afirmou o coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030), Paulo Gadelha, que organizou o evento ao lado do Atlantic International Research Centre (Air Centre) e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura no Brasil (FAO Brasil). O fórum teve patrocínio da Fundação de Apoio à Fiocruz (Fiotec).

Ações imediatas

A Carta da Bahia pede ações imediatas pelo desenvolvimento sustentável, tendo como estratégias o combate às desigualdades e a identificação de processos de transformação social para um futuro sustentável e considerando a tecnologia social como metodologia inovadora. Os signatários se comprometeram também em estabelecer a Rede de Tecnologia Social para as Pessoas e o Planeta (ST4PP) com o intuito de acelerar a adoção de novas tecnologias e promover o protagonismo das comunidades nos processos de inovação.

Todas estas ações buscam resolver questões como a insegurança alimentar, tema principal das palestras do último dia de evento, nas quais foram dados exemplos de como se pode combater a fome utilizando a sabedoria popular para criar projetos que valorizem a capacidade local e a biodiversidade. Rafael Zavala, do escritório da FAO Brasil, apontou que a segurança alimentar está sob “tempestade perfeita”, com “suas diferentes causas ocorrendo ao mesmo tempo: conflito armado, o choque econômico, e a crise climática”.

A pesquisadora e diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, moderou o debate de encerramento. Entre os participantes da mesa estava Ananias Viana, representante do Turismo Étnico Comunitário da Rota da Liberdade, e afirmou que “a Rota da Liberdade é uma tecnologia sustentável, criada com base num modelo de envolver para desenvolver, não acreditamos em um turismo convencional, mas com a produção associada, para fortalecer a localidade”, contou.

Alguns participantes do Fórum viram na prática esta Rota da Liberdade na programação extra, realizada na última sexta-feira em uma visita técnica ao Quilombo Kaonge, uma das comunidades quilombolas na zona rural de Santiago do Iguape, em Cachoeira, a cerca de 110 quilômetros de Salvador. Foi apresentado aos visitantes um pouco da culinária local especializada em ostras, assim como a produção de farinha de mandioca e do óleo de dendê: um exemplo prático de como a valorização do saber e de produtos locais pode ser o caminho para resolução de problemas como a fome e a escassez da água e para o desenvolvimento sustentável.

Informações da Agência Fiocruz de Notícias

 

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