Brasília - Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Taguatinga. Em alguns hospitais do Distrito Federal faltam leitos para os pacientes. Foto: Marcello Casal JR/ABr
Exceto os tumores de pele não melanoma, no mundo, o câncer colorretal é o terceiro tipo mais comumente diagnosticado em homens e o segundo em mulheres, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, é o terceiro mais frequente de modo geral, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), que estima 40,9 mil novos casos no ano, com 20,5 mil óbitos, sendo 10,1 mil em homens e 10,3 mil em mulheres (2020-2022).
Nesse cenário, a campanha Março Azul reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, uma vez que o câncer colorretal é tratável e, na maioria dos casos, curável, se detectado precocemente. Estilo de vida saudável – incluindo alimentação balanceada e rica em fibras, exercícios físicos, combate à obesidade, ao tabagismo e ao excesso de bebidas alcoólicas – pode evitar 30% dos casos. Na Bahia, a previsão é de 1.480 novos casos no ano, sendo 1.020 em Salvador (Inca 2020-2022).
“Grande parte dos tumores tem origem a partir de pólipos, lesões benignas que podem se desenvolver na parede interna do intestino grosso e; que ao longo do tempo, podem se transformar em câncer. Assim, os pólipos são identificados e retirados durante o exame de colonoscopia, que deve ser feito a partir dos 45 anos, conforme recomendação da US Preventive Services Task Force (USPSTF) e da American Cancer Society”, explica a oncologista da Clínica AMO Anelisa Coutinho.
A especialista alerta que os sintomas do câncer colorretal – que podem ser inexistentes no início – também estão presentes em problemas comuns como hemorroidas, verminoses e outros, podendo atrapalhar a pronta identificação da doença. “Por isso, a avaliação médica é fundamental para o diagnóstico correto e tratamento adequado a cada caso, levando-se em consideração, sobretudo, o estágio da doença”, orienta a oncologista.
O câncer de cólon e reto ou colorretal envolve tumores que começam na parte do intestino grosso (cólon) e no reto (final do intestino, antes do ânus). Além disso, o diagnóstico pode ser feito a partir de exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos em pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença ou através do rastreamento para assintomáticos e para os que pertençam a grupos com maior risco, como pacientes com histórico familiar ou pessoal de câncer.
O rastreamento já está indicado a partir dos 45 anos para a população assintomática e idealmente através do exame de colonoscopia. Outras opções de exames de rastreamento, como a pesquisa de sangue oculto nas fezes, podem ser usados quando da impossibilidade do exame endoscópico. Na colonoscopia, observa-se a parte interna do intestino com o intuito de verificar a presença de pólipos ou câncer. Em seguida, a amostra retirada do tecido (biópsia) é submetida a análise para confirmação do diagnóstico.
Idade igual ou superior aos 50 anos;
Excesso de peso;
Alimentação pobre em frutas, vegetais e demais alimentos ricos em fibras;
Bem como, consumo de carnes processadas (salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon e salame, entre outras);
Ingestão de carne vermelha em excesso (acima de 500 gramas de carne cozida por semana);
História familiar de câncer de intestino;
História pessoal de câncer;
Tabagismo;
Consumo de bebidas alcoólicas;
Doenças inflamatórias do intestino (retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn; bem como doenças hereditárias: polipose adenomatosa familiar e câncer colorretal hereditário sem polipose);
Exposição ocupacional à radiação ionizante, como aos raios X e gama (profissionais da radiologia industrial e médica).
Sangue nas fezes;
Alteração do hábito intestinal (diarreia e/ou prisão de ventre);
Dor ou desconforto abdominal;
Fraqueza e anemia;
Perda de peso sem causa aparente;
Bem como, alteração no formato das fezes (muito finas e compridas);
Tumoração abdominal.
Como explica a oncologista Anelisa Coutinho, em geral o tratamento inicial é uma cirurgia para retirada da parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos (estruturas de defesa do corpo) da região, no abdome. Em seguida, pode ser indicado ou não quimioterapia complementar, para diminuir a possibilidade de recidiva.
“Vale destacar que o tratamento depende da localização e extensão (estágio) do tumor, bem como das condições clínicas do paciente. Quando, por exemplo, a doença já gerou metástases para o fígado, pulmão ou outros órgãos, o tratamento já terá a intenção de combater a doença em uma fase mais avançada. Daí, a importância do foco da campanha: prevenção e diagnóstico precoce”, alerta a oncologista.
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