O fim do genocídio contra jovens negros e contra a população nas periferias foi tema da 21ª Caminhada Pela Vida e Pela Paz, nesta quarta-feira (02), em São Paulo. A passeata, organizada pelo Fórum em Defesa da Vida, reuniu familiares de vítimas, militantes e simpatizantes da causa e seguiu da Paróquia Santos Mártires, no bairro de Jardim Ângela, até o Cemitério Jardim São Luís.
O padre da Paróquia Santos Mártires, Jaime Crowe, falou da importância da caminhada, que ocorre desde 1996. “Iniciamos [a caminhada] quando o Jardim Ângela foi conhecido como o [bairro] mais violento do mundo. Já caiu a violência, mas ainda não chegamos onde queremos. Queremos nenhuma morte a mais, nenhum jovem a menos. Enquanto estão sendo ainda assassinados adolescentes e jovens, nós precisamos levantar o nosso grito pela vida”, disse o religioso.
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“Nosso grito é para que haja uma mudança na polícia, a desmilitarização da polícia e haja uma polícia mais próxima ao povo. Uma das lutas do Fórum em Defesa da Vida foi o policiamento comunitário, mas já foi jogado para o escanteio nos últimos anos e apelamos para que isso seja retomado, uma segurança próxima ao povo”, acrescentou.
Jovens desaparecidos
Integrante do Movimento Mães de Maio, Débora Maria da Silva, que teve um filho assassinado em 2006, no episódio que ficou conhecido como Crimes de Maio, esteve na caminhada pela paz e falou do caso recente de cinco jovens desaparecidos na região do Grande ABC, estado de São Paulo, desde 21 de outubro.
“O desaparecimento é uma das maiores torturas para os familiares. Eu sou irmã de desaparecido, eu vi minha mãe, durante 36 anos, morrendo lentamente. Eu enterrei meu filho, minha mãe não. Eu não enterrei o meu irmão. É uma lacuna, é uma ferida aberta, muito mais aberta do que a de uma mãe que enterra seu filho, que já é doído”, disse.
Os cinco jovens desaparecidos estavam indo de carro a uma festa em um sítio em Ribeirão Pires e, desde então, as famílias não tiveram mais notícia deles. A última informação que a família recebeu foi uma mensagem de um dos jovens no celular dizendo ter sido parado em uma blitz policial. Como há a suspeita de participação de policiais no desaparecimento dos garotos, a Corregedoria da Polícia Militar está acompanhando o caso e também já começou a ouvir o depoimento das mães.
Redação Saúde no Ar
João Neto