CACs fornecem armas para quadrilhas – PF realiza prisões

PF prende 18 pessoas em operação contra PMs da Bahia e Pernambuco suspeitos de venda de armas para facções

Dezoito pessoas foram presas e uma foi baleada na manhã desta terça-feira (21), na Bahia, Pernambuco e Alagoas, durante uma operação da Polícia Federal, que investiga policiais militares da Bahia e Pernambuco, CACs e lojistas suspeitos de integrar uma organização especializada em vender armas e munições ilegais para facções criminosas.

Também em São Paulo

A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público (MP) realizam na manhã desta terça-feira (21) no estado de São Paulo uma operação conjunta para prender pessoas suspeitas de integrarem uma quadrilha do “novo cangaço”.

O “novo cangaço” é modalidade criminosa na qual bandidos usam armas e veículos para roubar caixas eletrônicos e cofres de bancos e carros-fortes em cidades pequenas no país.

De onde vêm armas, munições e explosivos usados por

De acordo com a investigação, os principais fornecedores das armas de fogo e das munições utilizadas pela organização criminosa são CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores).

A ação da PF e do MP, batizada de Operação BAAL, ocorreu na cidade de São Paulo, Osasco, Santo André, São Bernardo do Campo, Guarulhos, Mairinque e Buri. Além dessas cidades paulistas, os agentes da Polícia Federal e membros do Ministério Público agiram em Xique-Xique, na Bahia; Timon, no Maranhão; e Corrente, no Piauí, para cumprirem os mandados.

 

Colecionadores, Atiradores desportivos e Caçadores (CAC), na legislação brasileira, é a designação dada àqueles cidadãos que têm o direito à posse de arma de fogo e munições para exercer as atividades de colecionismo, tiro desportivo e caça, podendo exercer uma, duas ou as três atividades.

Sob Jair Bolsonaro, o número de registros de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC) disparou. Entre 2019 e 2022, o Exército brasileiro liberou mais de 5 mil licenças a pessoas com problemas na Justiça e até para pessoas mortas conseguiram liberação para o porte de armas.

Para a advogada e pesquisadora do Núcleo de Estudos de Violência e Direitos Humanos da Universidade Federal de Juiz de Fora (Nevidh-UFJF), Letícia Fonseca Paiva Delgado, hoje também à frente da Secretaria de Segurança Pública da cidade mineira, o relatório do TCU comprova o fato de que a gestão de Bolsonaro levou a cabo a proposta de armar a população. “O que houve na gestão anterior não foi só um descontrole na política de armas no Brasil. Foi uma estruturação de uma política armamentista irresponsável. É importante a gente pensar que dar armas para as pessoas sempre teve impactos avassaladores na segurança pública. É banalizar a vida e fortalecer a possibilidade de crimes violentos na sociedade”, explica.

Delgado também reitera o fato de que mais de 70% dos crimes violentos ocorridos no Brasil (leia quadro) são cometidos com armas de fogo. “Uma política eficaz de segurança pública passa pelo controle rigoroso de armas nas mãos da sociedade civil”.

O jornalismo independente e imparcial com informações contextualizadas tem um lugar importante na construção de uma sociedade , saudável, próspera e sustentável. Ajude-nos na missão de difundir informações baseadas em evidências. Apoie e compartilhe