Brasileira quer acabar uso de animais em pesquisas

A brasileira Bianca Marigliani, doutoranda em biotecnologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), foi escolhida na categoria jovem pesquisador e vai levar 10 mil libras para estudar um novo tipo de método in vitro, totalmente sem uso de animais no processo, para avaliar o risco de alergia provocado por agentes químicos. Ela é a vencedora do prêmio Lush, a maior premiação internacional para iniciativas alternativas que tornem desnecessárias as pesquisas em animais.

Calcula-se que 115 milhões de animais sejam testados por ano no mundo e os testes, além de sacrificar os animais, não os anestesiam para impedir que sintam dor e o Prémio Lush , iniciativa de grande envergadura, visa a utilização de variados recursos tendo visando que todos os testes de segurança ocorram sem o uso de animais.

Dor e sofrimento para os animais

BiancaEmbora parte dos cientistas discorde dos testes in vitro, o avanço deles é primordial para aqueles que defendem o fim dos testes com animais, motivo da importância de premiar pesquisas na área. Para a vanguarda da pesquisa, é possível substituir em larga escala os animais por uma bateria de testes no nível celular ou em humanos voluntários.

Na opinião da bióloga (foto), além de ser antiético, o soro usado para cultivo de células apresenta problemas técnicos, por exemplo, risco de contaminação. Já temos meios sintéticos disponíveis, que, embora sejam mais caros, podem substituir os métodos tradicionais. “Já temos mão de obra qualificada, só precisa treinamento”, garante.

De acordo com Rob Harrison, diretor do prêmio Lush, a ciência molecular avançada, com a evolução da genética e da computação, já pode substituir os testes em animais, considerados pelos ativistas pouco confiáveis. “Modelos 3D de cultura e sistemas de “corpo-em-um-chip” (método que implanta células humanas em chips) são apenas alguns dos projetos vibrantes que estamos recompensando neste ano”, diz.

Marigliani concorda: “Quando as pessoas entendem os métodos alternativos in vitro e os avanços da ciência, as pessoas percebem que eles são melhores não só em relação aos animais, mas tecnicamente, na segurança dos produtos para uso humano. Células humanas respondem diferente de animais”.

Drogas são falhas

Segundo o FDA, a agência federal americana que controla alimentos e remédios, nove em cada 10 drogas testadas em animais falham com pessoas. O caso mais famoso de teste em animais que não deu certo é o da talidomida- medicamento desenvolvido na Alemanha, em 1954, inicialmente como sedativo e que gerou deformidades em milhares de bebês, cujas mães tomaram o remédio durante a gravidez.

Em 2009, a União Europeia aprovou em 2009 uma legislação que proíbe testes de cosméticos em animais e  em 2014, São Paulo aprovou lei parecida, após a polêmica do caso Royal, Leia quando ativistas invadiram o Instituto Royal em outubro de 2013 e libertaram 178 cães Beagles, que seriam utilizados em pesquisas, alegando que eram maltratados.

 

Portal Saúde no Ar

A.V

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