Brasil conseguiu reduzir número de crianças sem vacina de pólio, afirma UNICEF.
Dados comprovam a retomada da imunização infantil no País, mas ainda é preciso avançar, em um esforço intersetorial, unindo Saúde, Educação e Assistência Socia
Em 2023, o número de crianças que não receberam a primeira dose da vacina contra a Pólio foi menor do que em 2022. Novos dados analisados pelo UNICEF mostram que o Brasil conseguiu retomar os avanços na imunização infantil, após anos de queda nas coberturas vacinais no País, que colocaram em risco a saúde de milhões de crianças. Mesmo com os avanços, ainda há crianças não vacinadas no Brasil, que precisam ser encontradas e imunizadas, em um esforço conjunto envolvendo Saúde, Educação e Assistência Social.
O levantamento realizado pelo UNICEF, com base em dados do Ministério da Saúde, mostra que, em 2022 nasceram 2,56 milhões de crianças no Brasil e foram aplicadas 2,32 milhões de primeiras doses da Pólio (VIP) – o que significa que 243 mil crianças não receberam a primeira dose contra a Pólio. Em 2023, esse dado melhorou: nasceram 2,42 milhões de crianças no Brasil e foram aplicadas 2,27 milhões de primeiras doses da Pólio Injetável, ficando faltando 152,5 mil crianças sem vacina.
“A retomada da imunização no Brasil é um avanço que merece ser comemorado, mostrando um esforço do País para cuidar da saúde de cada criança. Os desafios, no entanto, ainda existem e precisam ser adequadamente abordados. É urgente encontrar e imunizar cada menina e menino que não recebeu as vacinas”, defende Youssouf Abdel-Jelil, representante do UNICEF no Brasil. “Essa busca tem de ultrapassar os muros das unidades básicas de saúde e alcançar outros espaços em que crianças e famílias, muitas em situação de vulnerabilidade, estão. Nesta Semana Mundial de Imunização, destacamos a urgência de um compromisso de País, levando a imunização para escolas, CRAS e outros locais e equipamentos públicos”, afirma Youssouf Abdel-Jelil.
“No Brasil, o avanço das coberturas vacinais é resultado de um planejamento que adotamos desde o início da gestão, com a criação do Movimento Nacional pela Vacinação, a estratégia de microplanejamento, inédita no país, respeitando a realidade de cada estado e município, para que, numa relação tripartite, possamos estabelecer estratégias de vacinação de acordo com a realidade local, ampliando, assim, o alcance da imunização. Sem contar a campanha contra a desinformação por meio do programa Saúde com Ciência. Entre 2023 e 2024, após todo esse esforço, registramos aumento nas coberturas vacinais de 13 dos 16 principais imunizantes do calendário do Programa Nacional de Imunizações”, destaca a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
Avanços nessa linha têm sido vistos no Brasil, como o recém-lançado “Movimento Nacional pela Vacinação na Comunidade Escolar”, levando a imunização para dentro das escolas públicas. O UNICEF defende que esses mecanismos intersetoriais de imunização sejam cada vez mais ampliados, articulando também com a Assistência Social, por meio dos CRAS, do Programa Criança Feliz e de tantas outras estratégias que alcançam as famílias em situação mais vulnerável.
A contribuição do UNICEF
Para contribuir com esse esforço nacional, o UNICEF no Brasil conta com a estratégia Busca Ativa Vacinal (BAV). Trata-se de uma iniciativa para apoiar os municípios na garantia da imunização infantil. A BAV visa: contribuir com os municípios na identificação de crianças menores de 5 anos com atraso vacinal ou não vacinadas; estabelecer estratégias para encaminhamento delas aos serviços de saúde e atualizações de vacinação; monitorar as coberturas vacinais; acompanhar a situação vacinal da população-alvo; e identificar e responder a vulnerabilidades que levam à não vacinação.
A estratégia incentiva a participação de diferentes áreas nessa busca ativa – como Educação, Saúde, Assistência Social, entre outras –, fortalecendo a rede de garantia de direitos. Para a BAV, o UNICEF conta com a parceria estratégica de Pfizer e Fundação José Luiz Egydio Setúbal.
Sobre o levantamento de dados
Esta análise foi feita pelo UNICEF com base em dados do Ministério da Saúde, cruzando o número de crianças nascidas vivas a cada ano disponíveis no painel de nascidos vivos e o número de primeiras doses das vacinas contra Pólio aplicadas no mesmo ano disponíveis no painel de vacinação do calendário nacional para 2023 e no Tabnet/DATASUS para 2022.