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Brasil aceita teste e agora vê mosquitos transgênicos super-resistentes se reproduzindo sem controle

Durante 27 semanas, a empresa britânica Oxitec liberou com aprovação oficial cerca de 450 mil mosquitos transgênicos machos por semana na cidade de Jacobina, na Bahia. A operação visava combater epidemias de dengue, zika e febre amarela.

Pesquisadores esperavam que descendentes de Aedes aegypti geneticamente modificados morressem antes de chegar à fase  adulta. Teste na Bahia acabou, porém, criando nova geração de mosquito, que pode ser mais resistente.

Na tentativa de conter as populações do mosquito Aedes aegypti, que transmite dengue, febre amarela, zika e chikungunya, foram soltos mosquitos trigênicos com o objetivo de diminuir a população de mosquitos. . Aparentemente, as alterações genéticas de mosquitos transgênicos foram transferidas para a população local de insetos.

Os mosquitos modificados geneticamente atingiram a fase adulta e não morreram.

Pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, estudaram as alterações genéticas dos mosquitos presentes na região, respectivamente, 12 e entre 27 a 30 meses após a sua liberação.

O resultado destas análises não era o esperado. Os pesquisadores concluíram que partes da mudança genética produzida em laboratório migraram inesperadamente para a população-alvo dos mosquitos locais.

Modificação genética foi passada adiante

Nas várias amostras, entre 10% e 60% dos mosquitos apresentaram alterações correspondentes às dos transgênicos no genoma, indicou um estudo foi publicado na terça-feira (10/09) na revista especializada Nature: Scientific Reports.

Se o teste de campo tivesse ocorrido como inicialmente previsto pelos cientistas, a modificação genética não teria passado adiante para as populações locais porque os descendentes dos transgênicos liberados originalmente não seriam capazes de se reproduzir.

No entanto, já se sabia anteriormente a partir de experimentos de laboratório que uma pequena proporção, de cerca de três a quatro por cento dos descendentes de mosquitos OX513A poderia atingir a idade adulta. Os cientistas presumiam, porém, que eles seriam fracos demais para se reproduzir.

Os autores do estudo relatam ainda que os mosquitos, tanto antes quanto após o experimento, continuaram igualmente potenciais transmissores das doenças em questão. A equipe de pesquisa em torno de Jeffrey Powell, em Yale, alertou também que a nova população de mosquitos, criada a partir da liberação dos insetos transgênicos, pode ser mais resistente do que a anterior.

Segundo os pesquisadores, é importante acompanhar esses testes de campo “com um programa de observação para poder detectar mudanças inesperadas”.

Cientistas críticos da engenharia genética questionam os testes realizados no Brasil. “A liberação foi realizada precipitadamente, sem que alguns pontos fossem esclarecidos”, afirmou o biólogo José Maria Gusman Ferraz ao jornal Folha de S. Paulo.

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