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Bebidas muito quentes e câncer

Bebidas muito quentes, como chás e café, podem facilitar o desenvolvimento do carcinoma epidermoide de esôfago, o tipo de câncer de esôfago encontrado em 90% dos brasileiros diagnosticados com a doença. A revelação é da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês) da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a Agência, o consumo de bebidas acima de 65 graus foi classificado como “provavelmente carcinogênico para humanos” (grupo 2A).

A pesquisa reuniu um grupo de trabalho de 23 pesquisadores de 16 países e teve como base mais de 1.000 estudos observacionais e experimentais. Entre os pesquisadores, figura o vice-diretor do INCA, Luis Felipe Ribeiro Pinto, membro do conselho científico da IARC. O câncer de esôfago é o sexto mais comum entre os homens na Região Sul. A incidência na região é de duas vezes e meia a cinco vezes maior do que no restante do País, devido ao hábito de consumir chimarrão. Em 2016, esperam-se 7.950 casos novos de câncer de esôfago em homens e 2.860 em mulheres no Brasil.

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Mas não é a bebida em si, mas a alta temperatura que acelera o processo de carcinogênese: “A bebida quente causa lesão na mucosa do esôfago. E o que se dá é uma combinação de fatores de risco, com a associação da lesão ao tabagismo e o etilismo. Noventa por cento dos pacientes com câncer de esôfago no Brasil são tabagistas e etilistas”, explicou Luis Felipe.

O vice-diretor do INCA disse que não é necessário que as pessoas deixem de beber chá, chimarrão ou café. Basta esperar alguns minutos para que a temperatura caia, preferencialmente, para 55 graus, ou, pelo menos, 60 graus. “O ideal é que após a fervura, o recipiente com o liquido quente seja colocado sobre uma superfície fria por cerca de cinco minutos para só então ser consumido”, ensina. Quanto menor o volume de líquido e a temperatura ambiente, menor será o tempo de espera.

A pesquisa mostrou que, em temperaturas normais, a ingestão de café e mate não possui efeito cancerígeno (grupo 3 de acordo com a classificação da IARC) para os tumores de mama, próstata e pâncreas; enquanto para os tumores de fígado e endométrio, o consumo de café possui um efeito protetor. Os principais resultados foram publicados quarta-feira, 15, em um artigo na revista científica The Lancet Oncology.

De acordo com o artigo, em estudos de laboratório, a ingestão de água muito quente, entre 65 e 70 graus, aumentou a incidência de tumores de esôfago em camundongos e ratos.

Fonte: Inca

Redação Saúde no Ar

João Neto

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