Gestores públicos, legisladores e profissionais da área de planejamento urbano, segurança e saúde se reúnem até domingo (17) em Costa do Sauípe, durante o XII Congresso Brasileiro de Medicina de Tráfego, para discutir estratégias de redução do número de acidentes e mortes no trânsito.
De acordo como o presidente do evento, Dr. Antônio Edson Souza Meira Jr, o Congresso que acontece em Sauipe, reúne as maiores autoridades de trânsito do país, além de engenheiros, médicos e psicólogos para debater o que é preciso fazer para modificar a situação unindo forças nesse sentido: “aqui vamos fazer um intercâmbio científico para atender a meta de diminuir os acidentes, do jeito que estamos inda está difícil.
Precisamos colocar como prioridade reduzir a morte no trânsito, pois as causas são conhecidas e preveníveis: imprudência, negligência e desrespeito às leis de trânsito. O impacto social e econômico é enorme. Se não dá para convencer pelo número de pessoas mutiladas e vidas ceifadas, vamos tentar chamar atenção dos governantes para custos, pois em 2016 os acidentes de trânsito representaram 2.3 % do PIB, em prejuízos”. Ouça o comentário:
Apenas na Bahia, entre os anos de 2000 e 2017, foram registradas 34.534 mortes em acidentes de trânsito, o equivalente à população de cidades baianas como Cachoeira ou Riachão do Jacuípe. Deste total, 6.695 pessoas estavam dirigindo motos, enquanto 12.080 eram ocupantes de carros.
O secretário da Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, foi um dos convidados e esteve presente na cerimônia de abertura do congresso, “Os acidentes de moto representam hoje o maior e mais grave problema de saúde pública do estado, tendo em vista os elevados custos econômicos e sociais, além da elevada taxa de ocupação de leitos hospitalares, visto que são pacientes politraumatizados”.
Entre as ações previstas pelo Governo da Bahia para reduzir, sobretudo, o número de acidentes envolvendo motociclistas, o secretário destaca a inclusão dos acidentes de trânsito como doença de notificação compulsória, a ampliação do número de blitz de alcoolemia e a criação de um plano de segurança viária. “Além disso, vamos desenvolver um aplicativo para celular que possibilita unir entidades governamentais e a sociedade civil no monitoramento e georreferenciamento dos acidentes nas cidades e rodovias”, destacou Vilas-Boas.
Também presente no evento, o Presidente da AMB- Associação Médica Brasileira, Florentino Cardoso, chamou atenção para os números e prejuízo para a saúde pública: “o número de mortes por ano é maior que muitas guerras atuais e do passado. São muitos jovens em idade produtiva e uma quantidade maior fica com sequelas por muito tempo ou de forma definitiva o que é muito triste.
A principal doença do trânsito é a falta de educação e o decumprimento da lei. O poder público deve fazer sua parte e todos os interessados devem contribuir para melhor o sistema como um todo. Não existe varinha mágica, tem que aprimorar o que já existe; educar o povo e cumprir a legislação”, afirmou.
Mesmo tendo uma das melhores legislações de trânsito, estamos bem distantes dos resultados conquistados por países que respeitam a vida. Enquanto em alguns a relação de mortes é de 3 por 100 mil, no Brasil o índice é de 24 por 100 mil, ou seja, matamos 800 % mais que os outros países. Um fato que vem preocupando os especialistas é a associação com o uso de aparelhos.
De acordo com a ABRAMET, os registros epidemiológicos mostram que as falhas de atenção superaram o álcool que sempre foi o grande vilão do sistema. O uso do celular e aplicativos gera grande impacto, pois toda vez que o condutor abdica da atenção ao veículo, ele amplia a possiblidade de riscos. Ainda de acordo com a entidade, outros fatores devem ser considerados: o marketing da venda de automóveis é absolutamente sedutor: “o veículo não é vendido apenas para transportar, mas como meio de auto afirmação e isso também é deletério” afirmou o Dr. José Montal, ABRAMET-SP.
Para ele, o caminho para reduzir o problema pode estar na transmissão de valores básicos como cidadania: “em 5 anos a Espanha reduziu o índice de acidentes de trânsito em 60% com campanhas educativas. É preciso reforçar princípios, como o respeito ao outro. A tarefa parece fácil, mas é um caminho longo e desafiador. Esse é o grande esforço que deve ser feito por todos para mudar a realidade atual, e tem que ser já”, concluiu.
Fonte: Abramet
Foto: Saúde no ar
Redação Saúde no Ar