Uma bactéria comum – encontrada em 60% dos insetos – pode ser eficaz no combate a doenças como dengue e malária. Esta é a aposta de uma pesquisa coordenada pela Universidade de Queensland, na Austrália, que conta com a participação do cientista Luciano Moreira do do Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR/Fiocruz Minas).
Não está totalmente claro, entretanto, de que maneira a Wolbachia atua no organismo de mosquitos vetores. “Apenas a presença da bactéria já aumenta a expressão de alguns genes de imunidade no inseto”, diz o pesquisador Luciano Moreira, da Fiocruz Minas, principal autor do trabalho. De acordo com Moreira, outros fatores podem estar em ação. “Como esta bactéria é intracelular, assim como os vírus, pode ocorrer uma competição pelos nutrientes celulares”, sugere. O trabalho foi publicado em dezembro de 2009 pela revista científica Cell.
“Essa cepa de bactéria causa a incompatibilidade citoplasmática, o que dá vantagem às fêmeas infectadas pela bactéria: cruzamentos de machos infectados com fêmeas não infectadas não produzem descendentes”, explica Moreira,
A pesquisa, que envolve cientistas de vários países e é coordenada pelo professor Scott O’Neill, prioriza o combate à dengue. Ela é financiada, principalmente, pela Fundação Bill e Melinda Gates.
“A gente pode afirmar que ocorre uma redução significativa na capacidade de transmissão dessas doenças. A gente viu que quando a wolbachia está presente, a gente não consegue detectar os vírus dengue, chikungunya e zika na saliva desses mosquitos”, diz o pesquisador da Fiocruz, Luciano Moreira.
E é justamente pela saliva do mosquito que esses vírus são transmitidos.
O estudo começou na Austrália e hoje é feito também no Vietnã, na Indonésia, Colômbia e no Brasil.
Fonte: Fiocruz/ Manguinhos