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Bactéria inoculada em mosquito reduz infecções de dengue e chicungunha, dizem cientistas

Uma técnica  testada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz),  e em outros locais no mundo, que  consiste em inocular a Wolbachia em ovos de Aedes e depois depositá-los ao ar livre, se tornou uma esperança no combate ao mosquito da dengue e da Chicungunha. Nos mosquitos infectados pela bactéria, o vírus da dengue em geral não consegue chegar nas probóscide, a “agulha” que pica os humanos, e os insetos têm menos propensão a transmitir a doença. Como a Wolbachia é herdada entre gerações de mosquitos, a ideia do projeto é que as populações do inseto comum sejam gradualmente substituídas pelo inseto portador da Wolbachia .

A bactéria Wolbachia, que é inofensiva aos humanos, impede os mosquitos de transmitirem os vírus. A iniciativa faz parte de um projeto internacional chamado “Eliminate Dengue: Our Chalange” (ou Eliminar a Dengue: Nosso Desafio), liderado pela Universidade de Monash, na Austrália, e trazido para o Brasil pelo pesquisador Luciano Moreira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).  No Brasil, a iniciativa tem financiamento da Fiocruz, do Ministério da Saúde, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e do CNPq.

Os resultados, considerados pelos cientistas uma avaliação ainda preliminar, foram divulgados nesta quinta-feira (21) no congresso da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene, em Maryland, nos EUA.

O primeiro sinal clínico de sucesso dos insetos submetidos a essa forma de controle biológico dos vírus surgiu em testes de campo no Sudeste Asiático, no casos da dengue, e em Niterói (RJ), no caso da chicungunha .

A região de Jurujuba, em Niterói, onde Aedes com Wolbachia têm sido liberados desde 2015, passou por uma epidemia de chicungunha em 2018, com um pico de incidência acima de 400 casos por 100 mil habitantes. Na zona de intervenção com a Wolbachia , porém, a incidência não passou de 100 por 100 mil, sugerindo que a bactéria teve um papel relevante em mitigar o surto.

No caso da dengue também houve uma redução, mas cientistas são mais cautelosos em atribuí-la à bactéria, porque a incidência de dengue oscila naturalmente, e ainda não foi possível separar a tendência epidemiológica normal do efeito da intervenção.

O Ministério da Saúde anunciou que a técnica será testada em outras cidades do  Brasil.

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