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Autofagia e envelhecimento

Pesquisadores do Instituto de Biologia Molecular de Mainz (Alemanha) fizeram um avanço na compreensão da origem do processo de envelhecimento. Eles descobriram que os mesmos genes que promovem a saúde e melhoram a aptidão física nos jovens também coordenam o processo de envelhecimento mais tarde na vida – os experimentos foram feitos em animais de laboratório.

Os genes em questão pertencem a um processo chamado autofagia – um dos processos de sobrevivência mais críticos das células. A equipe então “desativou” esses genes nos animais mais velhos, como que desligando o processo de autofagia, o que resultou em uma maior longevidade, com uma forte melhora na saúde neuronal e, subsequentemente, do corpo inteiro.

“A inibição neuronal do complexo de nucleação da autofagia prolongou o tempo de vida dos [vermes] C. elegans na fase pós-reprodutiva,” resumiu o Dr. Holger Richly. Como esses vermes são o principal modelo usado pela ciência para estudar o envelhecimento, a equipe acredita que estes resultados poderão ter implicações para o tratamento de distúrbios neurodegenerativos tipicamente associados com a idade, como doença de Alzheimer, Parkinson e Huntington, uma vez que a autofagia está envolvida nesses processos.

A equipe conseguiu ainda rastrear a origem dos sinais pró-longevidade até um tecido específico, chegando aos neurônios. Ao inativar a autofagia nos neurônios dos vermes mais velhos, eles não só conseguiram prolongar a vida dos animais, como também melhorar dramaticamente sua saúde geral.

“Imagine alcançar o ponto intermediário da sua vida e tomar um medicamento que o deixe em forma e com a mobilidade de alguém com a metade da sua idade, então você vive mais; foi assim com os vermes,” relatou o pesquisador Thomas Wilhelm. “Nós desligamos a autofagia em apenas um tecido e todo o animal recebeu um impulso fortalecedor. Os neurônios são muito mais saudáveis nos vermes tratados e acreditamos que é isso o que mantém os músculos e o resto do corpo em boa forma. O resultado líquido é uma extensão de vida de 50%.”

Os cientistas ainda não sabem qual é o mecanismo exato que faz com que os neurônios se mantenham mais saudáveis por mais tempo, mas eles estão esperançosos de que os resultados tenham implicações no mundo real. Ainda que algum tratamento desse tipo esteja muito distante – será necessário sair dos vermes e chegar até os humanos -, os resultados trazem uma esperança de que seja possível aumentar significativamente a longevidade humana. Os resultados foram publicados na revista científica Genes & Development.

 

Fonte: Diário da Saúde

Foto: Diário da Saúde

Redação Saúde no Ar

 

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Patricia Tosta

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