Anticoncepcional masculino

As prateleiras das farmácias estão lotadas de anticoncepcionais femininos, com embalagens, cores e marcas variadas. A liberação da comercialização e uso do contraceptivo oral na década 1960, nos Estados Unidos, deu um pouco mais  de liberdade sexual feminina.

 Atualmente, os contraceptivos orais são considerados os mais seguros do mercado. Porém, nem toda mulher fica bem com o uso. Algumas chegam a gritar “Cadê o contraceptivo masculino” É isso mesmo, onde estão? As pesquisas até são feitas, duram décadas, mas o resultado não é eficaz.

Mas como a esperança é a última que morre, sempre há possibilidades e esta veio de uma fonte inusitada: o veneno que caçadores das tribos africanas usam há séculos em suas flechas.

Os primeiros resultados se mostraram promissores nos testes em animais.

OUABAÍNA

O candidato a contracepitivo masculino é baseado na ouabaína, um extrato de plantas que os guerreiros e caçadores africanos usam para envenenar suas flechas – o veneno faz com que o coração das vítimas pare de bater.

A ouabaína pode ser extraída de dois tipos de plantas africanas. Os mamíferos também produzem a substância em seus corpos, felizmente em níveis muito baixos, o suficiente para ajudar a controlar a pressão sanguínea.

A ouabaína interrompe a passagem de íons de sódio e cálcio através das proteínas Na,K-ATPases, que são encontradas nas membranas celulares e são constituídas por subunidades proteicas. Algumas subunidades são encontradas no tecido cardíaco, mas um tipo de subunidade específico, chamada α4 (alfa 4) é encontrada apenas nos espermatozoides.

Esta proteína é conhecida por ser crítica na fertilidade – pelo menos dos camundongos. A ouabaína liga-se fortemente ao α4, mas também se liga a outras subunidades de Na,K-ATPase, embora menos fortemente.

Estudos clínicos anteriores já demonstraram que a ouabaína reduz a fertilidade em homens. No entanto, a própria ouabaína não é uma opção como contraceptivo para homens devido ao risco de danos cardíacos.

Agora, Shameem Sultana Syeda e seus colegas da Universidade de Minnesota (EUA) conseguiram sintetizar análogos de ouabaína que são muito mais propensos a se ligar à proteína α4 nos espermatozoides do que às subunidades encontradas no tecido cardíaco.

Removendo um grupo de açúcar da ouabaína e também substituindo seu grupo lactona por um grupo triazole, os pesquisadores criaram um derivativo que se mostrou particularmente eficaz na redução do α4 nos espermatozoides dos camundongos.

Uma vez ligada, a substância interfere com a capacidade das células de nadar, o que é essencial para o seu papel na fertilização de um ovo. Além disso, os primeiros testes não mostraram toxicidade nos animais.

Os pesquisadores afirmam que o efeito contraceptivo deve ser reversível porque o α4 só é encontrado em células espermáticas maduras. Isso significa que as células de esperma produzidas depois da interrupção do tratamento com o derivado de ouabaína não devem ser afetadas.

Ainda não há previsão do início dos testes da substância em humanos.

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