Aluno de escola pública passa em Medicina na UFBA e mais em três faculdades

É público e notório que a educação pública no país deixa muito a desejar. Isso, sem dúvida, é uma barreira quase intransponível para grande parte dos estudantes brasileiros, que concluem o segundo grau sem estarem preparados. O resultado pode ser medido no Enem. Porém, como diz a regra, há exceções. E uma delas é o estudante baiano Wester Silva Vieira, de  19 anos, que estudou em escola pública a vida toda, e sem fazer cursinho pré-vestibular conseguiu ser aprovado em quatro cursos de Medicina no estado, três em instituições estaduais e uma na Universidade Federal da Bahia(UFBA).

Wester que é de Condeúbas, cidade de 18 mil habitantes, a 660 km de Salvador, é funcionário concursado Secretaria de Finanças da prefeitura de Vitória da Conquista desde julho de 2014, conta que estudou sozinho.” Não fiz cursinhos, pois achei que o que precisava estava além daquilo, e também porque o preço estava salgado para o bolso da minha família”, contou o estudante.

Ele obteve 880 pontos na prova de redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e 735 nas provas objetivas e foi aprovado para a UFBA. e para a Uefs (Universidade Estadual de Feira de Santana), Uneb (Universidade Estadual da Bahia) e Uesb (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia), que possui campus em Vitória da Conquista.

As aulas começam no segundo semestre de 2015 e o estudante torce para que o curso dê uma noção do que acontece realmente nos hospitais e dê a ele “bagagem suficiente para poder aprender mais a cada dia”, declarou.

Wester conta que já vinha realizando o Enem desde 2009, quando se mudou para Vitória da Conquista em busca de melhor educação, e foi aprovado na seleção do Ifba (Instituto Federal da Bahia). Recebeu ajuda de uma professora que segundo ele lhe dava dicas ao longo dos anos sobre o que os corretores pediam na prova de redação.

Ele contou que antigamente, eu tomava aulas de reforço de exatas, redação, gramática e biologia, e que em 2014 aproveitava o tempo vago no emprego para dar um reforço.

“Conciliar o trabalho com os estudos foi um pouco difícil no começo. O pessoal do setor não se importava que eu estudasse nos momentos vagos, então aproveitava isso”, disse.

Os esforços ao longo dos anos permitiram que em 2014 Wester tivesse uma rotina de estudos menos estressante, de modo que ele só se esforçou mais em gramática.

“Principalmente perto das provas, eu assistia para poder relaxar e evitar a ansiedade”, declarou o estudante, que sempre buscou fazer medicina, apesar de sua formação técnica em eletrônica.  

Ao analisar a própria trajetória educacional de aluno de escola pública, tendo passado, em Condeúba, pelas escolas municipais Eleutério Tavares e Alcides Cordeiro, chegando depois ao Ifba, em Vitória da Conquista, Wester diz que sempre teve o apoio de bons professores.

Ao contrário da maior parte dos estudantes públicos, Wester afirma que o ensino fundamental em Condeúba foi “ótimo”. Na verdade, considero a educação infantil ao fundamental da cidade muito bom. Os professores do Ifba me incentivaram desde o primeiro dia de aula para estudar e fazer aquilo que gosto”, relatou.

Residente numa casa que funciona como ‘república’, onde moram outras 22 estudantes, todos de Condeúba, Wester é crítico da saúde brasileira e vê como problema maior na formação de novos profissionais a falta de hospitais para fazer residência médica.

Na sua opinião, é fundamental que se tenha médicos mais humanos, para que se tenha a consciência de que eles são necessários tanto nas capitais, como em regiões mais isoladas, opinou.

Da Redação

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