Pesquisa inédita da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); revela que o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados pode levar à perda cognitiva.
De acordo com o estudo, esses itens causam um declínio mental mais precoce e mais rápido. O novo achado se soma a uma longa lista de danos à saúde bem conhecidos, como aumento do risco cardiovascular, hipertensão, obesidade, diabetes, entre outros.
Para a conclusão da analise, os pesquisadores acompanharam mais de 10 mil voluntários com idades entre 35 e 74 anos ao longo de oito anos. Durante esse período, eles foram submetidos a testes para avaliar funções como memória, fluência verbal e funções executivas – aquelas que envolvem atenção, capacidade de planejar e de executar tarefas.
Assim, a pesquisa mostra que a evolução da cognição foi associada com dados de inquéritos alimentares. Ao final, os que consumiam pelo menos 20% das calorias diárias em alimentos ultraprocessados tiveram um declínio 28% mais rápido na função cognitiva global e 25% mais rápido na função executiva.
De acordo com uma das autoras do estudo, bióloga e epidemiologista Natália Gomes Gonçalves; “notamos que uma quantidade baixa de ultraprocessados já causou efeitos na cognição, mais observado nos adultos jovens, na faixa de 35 a 59 anos”, “Nessa idade estamos no pico das funções cognitivas. Observar esse prejuízo nessas pessoas é bem preocupante”, comenta.
Uma das hipóteses para explicar o dano seria o chamado eixo intestino-cérebro. Os alimentos ingeridos influenciam as bactérias intestinais, podendo liberar marcadores inflamatórios capazes de afetar o funcionamento do sistema nervoso central. Além disso, suspeita-se de efeitos vasculares, com microlesões nas regiões do cérebro associadas a essas funções.
Alimentos ultraprocessados são aqueles que passaram por uma grande transformação na indústria, como cereais matinais, embutidos, bolachas, pratos prontos, refrigerantes, entre outros. Além disso, esses alimentos possuem altas doses de aditivos como corantes, conservantes e flavorizantes capazes de mudar cor, textura, sabor e aroma.