Por Fernanda Orrico
Hoje vamos falar um pouco sobre a diferença entre alergia a proteína do leite de vaca, mais conhecida como APLV versus Intolerância a lactose. A APLV é um tipo de alergia alimentar. Segundo o Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar (2018), é definida como uma doença consequente a uma resposta imunológica anômala, que ocorre após a ingestão e/ou contato com determinado alimento. Em geral, a alergia alimentar inicia precocemente na vida com manifestação clínicas variadas na dependência do mecanismo imunológico envolvido. Em relação a epidemiologia, dados sobre a prevalência de alergia alimentar, ao redor do mundo, são conflitantes e variáveis a depender de: idade, características da população, mecanismo imunológico envolvido, método de diagnóstico, tipo de alimento, regiões geográficas, entre outros fatores, sendo mais comum em criança na primeira infância.
No Brasil, os dados sobre prevalência de alergia alimentar são escassos e limitados a grupos populacionais. Estudo realizado por gastroenterologistas pediátricos apontou incidência de alergia a proteína do leite de vaca 2,2% e a prevalência de 5,4 % em crianças entre os serviços avaliados. A alergia a proteína do leite de vaca é o mais prevalente de alergia no mundo da pediatria. Principalmente pelo seu alto poder de alergenicidade, como também ao fato da sua exposição precocemente.
A base do tratamento da APLV é essencialmente nutricional e está apoiada sob dois grandes pilares: a exclusão da PLV responsáveis pela reação alérgica com substituição apropriada e a utilização de fórmulas ou dietas hipoalergênicas. Assim, a retirada da proteína do leite de vaca da alimentação da criança é a única forma disponível comprovadamente eficaz no tratamento. Diferente da APLV, que é mais comum em crianças, especialmente em lactente, a intolerância a lactose é mais comum em adultos e idosos. Em pediatria é mais comum quando está associada a uma patologia de base (diarreia crônica, desnutrição, alergia a proteína do leite de vaca, fibrose cística, entre outras). Ela é decorrente da dificuldade do organismo em digerir à lactose, açúcar do leite, devido a diminuição ou ausência da lactase, enzima que a digere. Na intolerância a lactose, não é necessário fazer a exclusão total do leite e derivados da dieta e sim apenas avaliar o quanto o indivíduo consegue tolerar. Algumas pessoas conseguem consumir derivados do leite sem apresentar sintomas, uma vez que eles possuem menos lactose que o leite.
Fernanda Orrico – Nutricionista graduada pela UFBA
Especialista em Nutrição Clínica pelo Programa de Residência da Escola de Nutrição da UFBA
Especialista em Nutrição Materno Infantil pela IPGS
Mestre em Alimentos, Nutrição e Saúde pela UFBA
Professora substituta da Escola de Nutrição da UFBA
Preceptora e coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Criança e do Adolescente do Hospital Martagão Gesteira.
Coordenadora dos Programas de Pós-graduação de Nutrição da Atualiza Cursos
Realiza atendimento em consultório.
Desde o ano de 2017 a Escola de Nutrição/UFBA,desenvolve o projeto de Extensão,“Nutrição, ambiente e saúde no ar: comunicação em saúde e cidadania”, sob a coordenação da Professora Ma.Neuza Maria Miranda dos Santos e colaboração da aluna bolsista do projeto Permanecer, Marianna Menezes Santos. Para participar do Projeto que tem como objetivo apresentar e discutir temas de saúde, em seu conceito ampliado, além de difundir informações científicas sobre nutrição, alimentação saudável e qualidade de vida, basta enviar perguntas ou sugestões de temas.