Alergia à proteína do leite de vaca

Crianças podem apresentar diversas doenças alérgicas, no entanto, a alergia a alimentos como o leite de vaca, ovo, mariscos, soja, nozes, trigo e amendoim são mais comuns nesta fase da vida. A mais predominante em crianças menores de 3 anos é a alergia à proteína do leite da vaca, atingindo em média 3% deste grupo.

A APLV se caracteriza por induzir uma reação do sistema de defesa do organismo quando há a ingestão de proteínas do leite de vaca. As crianças acometidas desta doença podem apresentar sintomas como placas vermelhas, ressecamento e descamação da pele, vômitos, cólicas intestinais, diarreia, obstipação intestinal, obstrução nasal, inchaço de lábios e pálpebras, anafilaxia, falta de apetite e dificuldade de ganho de peso além de diminuição do crescimento. Assim, se a criança apresentar algum ou alguns dos sintomas acima citados procure um médico para investigação adequada deste tipo de alergia.

O diagnóstico da APLV é obtido pela avaliação de exames de sangue, dos sintomas, sinais na pele, estado nutricional e na suspeita de APLV, deve-se suspender completamente a ingestão de alimentos que contenham a referida proteína.  Posteriormente pode ser realizado o teste de provocação oral, quando é oferecido à criança, pelo médico, diferentes volumes de leite de vaca observando se os sintomas voltam a aparecer. Depois desta avaliação o médico poderá determinar se o paciente é ou não portador da alergia ao leite de vaca e determinar a conduta terapêutica.

A APLV, além de fatores genéticos, pode ocorrer por associação ao gênero e a raça, mas, tem como um dos principais fatores desencadeantes a suspensão da amamentação e a introdução precoce de alimentação complementar, ou seja, antes da idade recomendada, na qual a criança é capaz de digerir alimentos diferentes do leite materno.

O leite ideal para crianças de 0 a 2 anos de idade é o leite materno. A oferta de leite materno de forma exclusiva nos 06 primeiros meses de vida e dos 6 aos 24 meses como única fonte de leite, ajuda a evitar o surgimento da APLV.

O uso de medicamentos auxilia o controle dos sintomas da alergia ao leite, mas, o tratamento se dá pela total exclusão da proteína do leite de vaca da dieta do paciente.

Crianças amamentadas ao seio deverão continuar recebendo o leite materno, mesmo que sejam acometidas de alergia ao leite de vaca, devendo a mãe fazer a dieta de exclusão desta proteína. Se a criança não mama mais ao seio é recomendável retornar ao aleitamento materno. Não sendo possível, o paciente deverá usar uma fórmula especializada para substituir o leite da dieta. O tipo de fórmula, o tempo de uso e o tempo de exclusão do leite de vaca da dieta devem ser determinados pelo médico e pelo nutricionista que acompanham a criança.

A soja também é um alimento que pode causar alergia. Por este motivo, pacientes menores de 06 meses, com APLV, não devem usar fórmulas à base de soja, enquanto que, crianças maiores de 06 meses só devem usar fórmula contendo soja depois de prescrita pelo médico e pelo nutricionista que o acompanham.

Os sintomas da APLV podem surgir imediatamente ou até 02 horas após o consumo da proteína do leite de vaca mesmo quando a sua quantidade for considerada mínima. Por isso, recomenda-se que a pessoa que estiver lidando com os alimentos lave as mãos antes de preparar a alimentação da criança portadora de alergia. Deve-se ter o cuidado para não usar utensílios empregados para o preparo de alimentos com proteína do leite de vaca e, se a criança apresentar grande sensibilidade, separe uma esponja, copo de liquidificador e utensílios só para ela.

Como medida de precaução, leia o rótulo de todos os alimentos que comprar para uso do paciente alérgico, evitando-se produtos que contenham no rótulo os termos como: caseína, soro de leite, proteína láctea, lactoferrina, aroma ou sabor natural de manteiga, leite e queijo. Avise na escola que a criança tem restrições alimentares e ensine como proceder durante o lanche e em casos de ingestão casual de alimentos não permitidos. Ensine a criança desde cedo quais alimentos ela deve ou não consumir explicando sempre o motivo e a importância da alimentação adequada.

Quando existir uma criança na família com APLV e ocorrer nova gestação da mãe a dieta durante este período deve ser saudável e sem restrição de leite e derivados. Para prevenir que o recém-nascido seja portador de APLV a realização do aleitamento materno exclusivo nos 06 primeiros meses de vida e complementado até os 02 anos de vida é fundamental. Assim, vale lembrar que o recém-nascido não deverá usar fórmula infantil no berçário sem uma adequada indicação.

A APLV pode ser curada, porém depende do organismo de cada criança. Ao longo do tratamento a equipe de saúde fará testes e dirá se a alergia persiste ou não. No entanto, é muito importante que o tratamento seja rigorosamente seguido pois a ingestão de proteína do leite de vaca durante o período de tratamento poderá retardar a cura da doença.

O assunto foi tema do quadro “Comer e Ser” desta segunda-feira (11/09), no Programa Saúde no Ar.

Ouça na íntegra, o comentário da nutricionista Patrícia Quadros dos Santos, Mestre em Nutrição Clínica.

Fonte: Nutricionista Patricia Quadros dos Santos Trigueiro,  Profª Assistente da Área da Nutrição Materno Infantil da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia.

Foto: Google

Redação Saúde no Ar

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