Adolescente francesa não mostra indícios de HIV, após 12 anos sem medicação

Uma adolescente infectada com o vírus da imunodeficiência humana – HIV, desde que nasceu passou os últimos 12 anos sem medicação e sem indícios da infecção, informou o Instituto Pasteur, da França, nesta segunda-feira (20).

Em reunião anual da Sociedade Internacional da Aids, realizado na cidade canadense de Vancouver, o cientista espanhol Asier Sáez Cirión, pesquisador do Instituto Pasteur, explicou que a francesa de 18 anos, deixou de tomar remédios antirretrovirais aos seis.

O cientista explanou que o caso da jovem mostra que “é possível conseguir a remissão do HIV a longo prazo em uma criança infectada durante o período pré-natal após interromper o tratamento antirretroviral que começou nos primeiros meses de vida”. Entretanto, o diretor da Agência Nacional de Pesquisa da Aids da França – ANRS, sigla em francês -, Jean François Delfraissy, alertou que a adolescente não está curada.

“Essa remissão não pode ser comparada a uma cura. A jovem segue infectada com o HIV e é impossível prever como sua saúde mudará com o tempo. Mas seu caso constitui um sólido argumento adicional a favor de iniciar o tratamento antirretroviral o mais rápido possível após o nascimento de bebês de mães soropositivas”.

De acordo com Sáez Cirión a menina não tem nenhum dos fatores genéticos conhecidos que são associados ao controle natural da infecção. “O mais provável é que tenha ficado em remissão virológica durante muito tempo porque recebeu uma combinação de antirretrovirais pouco depois da infecção”.

Em análises, os pesquisadores detalharam que a carga viral da jovem é “quase indetectável” e que sua contagem de células CD4 “permaneceu estável durante este período”. Eles também enfatizaram que já houve casos noticiados de indivíduos infectados com HIV que foram capazes de controlar a infecção sem a necessidade de tomar remédios.

Segundo o Instituto Pasteur, este caso é similar “clínica, imunológica e virologicamente aos dos pacientes adultos do estudo ANRS Visconti”. Ainda de acordo com o instituto, nessa pesquisa, os pacientes, após serem submetidos a um tratamento antirretroviral durante três anos, iniciado pouco depois da infecção, foram capazes de controlar a infecção durante uma média de 10 anos sem precisar dos remédios antirretrovirais.

“Os antirretrovirais, iniciados muito cedo, podem limitar a constituição de reservas de HIV e preservar as defesas imunológicas do corpo”.

Cirión acrescentou que isso mostra estabelece “o conceito de que a remissão a longo prazo é possível tanto em crianças como em adultos”.

“No entanto, esses casos ainda são muito raros. Um caso similar com uma criança infectada com HIV tratada a tempo foi noticiado nos Estados Unidos – o chamado “bebê Mississipi”-, mas a remissão só durou 27 meses depois que o tratamento antirretroviral deixou de ser aplicado”.

A interrupção do tratamento não é recomendável para adultos e crianças, exceto em testes clínicos, de acordo com o cientista espanhol.

Fonte: EFE

L.O.

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