Dando continuidade à problemática que gira em torno da saúde do trabalhador urbano, trago algumas reflexões.
Existem várias formas de organização do processo de trabalho, mas a depender da forma de como esta ocorre, o cotidiano no local de trabalho se configura por contextos nos quais os modos de se trabalhar, de se relacionar, de lidar com o tempo, com o espaço, com os equipamentos, ferramentas e máquinas tornam-se danosos à saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras.
A prevenção, dos problemas que afetam a saúde da classe trabalhadora urbana, poderia ter um grau maior de resolução se houvesse replanejamento da organização do processo de trabalho, prevalecendo a comunicação entre os envolvidos, trabalhadores e patrões, para que os interesses dos trabalhadores se sobrepusessem aos do capital.
Vale lembrar que, no Brasil, os processos de negociação e de celebração de acordos são bastante restritos, pois temos uma história de autoritarismo político e uma legislação trabalhista de forte cunho paternalista, onde tudo se resolve na Justiça do Trabalho.
No Brasil, a Saúde do Trabalhador é identificada a partir dos anos 80, no contexto da transição democrática, destacando-se um novo pensar sobre o processo saúde-doença e sua relação com o trabalho, de um adoecer e morrer dos trabalhadores, de doenças profissionais clássicas e doenças relacionadas ao trabalho e com o surgimento de novas práticas sindicais.
Nos últimos anos alguns estudos tem mostrado que muitos fatores estão associados aos acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Dentre os principais fatores, estão àqueles relacionados à inadequação e práticas de trabalho, dos materiais disponíveis, fatores pessoais, pressão no trabalho para atingir metas e a falta de adoção de medidas preventivas por parte dos empregadores.
Destaco duas situações preocupantes, segundo dados do Ministério do Trabalho e Previdência Social, em 2014, foram registrados 427.939 acidentes de trabalho, sendo 15.571 notificações por LER/DORT.
A outra situação, constatadas em vários estudos é a alta prevalência de transtornos mentais comuns (TMC) em trabalhadores, devido à pressão psicológica e o baixo controle sobre o seu trabalho. Levando-os a ter insônia, fadiga, irritabilidade, esquecimento, dificuldade de concentração.A precarização do trabalho tem sido a responsável pelas doenças ocupacionais.
Enfrentar os problemas de saúde constitui em uma tarefa difícil e necessita de empenho de centros acadêmicos, instituições públicas e da sociedade civil, particularmente, com instâncias organizativas de trabalhadores, pois o desgaste e o sofrimento no trabalho estão se intensificando no século XXI.
Portanto, refletir sobre algumas questões ligadas ao trabalho humano, situando a Saúde do Trabalhador, pode levar às transformações efetivas para adaptar o trabalho ao ser humano e não o ser humano ao trabalho, tendo em vista que esse desgaste produzido pelo trabalho, afeta não apenas a vida profissional, mas também a vida pessoal.
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A saúde do trabalhador rural
A saúde do trabalhador e trabalhadora da área urbana
O assunto foi tema do quadro “Meio Ambiente e Saúde”, veiculado às quartas-feiras pelo programa Saúde no Ar.
Ouça o comentário da professora do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia da Bahia-IFBA-Vitória da Conquista
Desde o ano de 2017 a Escola de Nutrição/UFBA,desenvolve o projeto de Extensão,“Nutrição, meio ambiente e saúde no ar: comunicação em saúde e cidadania”, sob a coordenação da Profa Ma.Neuza Maria Miranda dos Santos e colaboração do Grupo Germen, e da aluna bolsista do projeto Permanecer, Thuane Policarpo.
Para participar do Projeto que tem como objetivo apresentar e discutir temas de saúde, em seu conceito ampliado, além de difundir informações científicas sobre nutrição, alimentação saudável e qualidade de vida, basta enviar perguntas ou sugestões de temas para o email: produção@portalsaudenoar.com.br ou uma mensagem de texto ou áudio para o WhatsApp: 71-9968-13998.
Redação Saúde no Ar
Texto: Wéltima Cunha-IFBA-VC
Foto:Internet/Wéltima Cunha