Estudos mostram que pessoas idosas com perda auditiva não tratada têm um risco 50% maior de desenvolver problemas cerebrais relacionados a memória
Com o envelhecimento da população, cresce a preocupação com a prevenção de demências e outras doenças neurodegenerativas. Estudos recentes têm apontado uma relação significativa entre a perda auditiva não tratada e o aumento do risco de demências, reforçando a importância do uso de aparelhos auditivos como medida preventiva. Especialistas em fonoaudiologia destacam os benefícios dessa intervenção precoce para a saúde cognitiva das pessoas idosas.
A perda auditiva, comum com o avançar da idade, pode levar ao isolamento social, depressão e declínio cognitivo. Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA) revelou que idosos com perda auditiva não tratada têm um risco 50% maior de desenvolver demência do que aqueles que utilizam aparelhos auditivos. Outra pesquisa realizada pela Universidade de Exeter, em colaboração com o King’s College London, mostrou que o uso de aparelhos auditivos pode reduzir o risco de demência em até 18%.
Juliana Venites, fonoaudióloga e especialista em gerontologia, destaca a importância da detecção e tratamento precoce da perda auditiva. “O uso de aparelhos auditivos não só melhora a qualidade de vida dos idosos, mas também desempenha um papel crucial na manutenção da saúde cognitiva. Quando a audição é restaurada, os indivíduos tendem a se engajar mais em atividades sociais e cognitivas, o que é fundamental para a prevenção de demências”, afirma.
Cristina Zerbinati, fonoaudióloga e especialista em reabilitação hospitalar, reforça a necessidade de um acompanhamento adequado para a adaptação ao aparelho auditivo. “A adaptação ao aparelho auditivo pode ser desafiadora, mas é essencial para maximizar os benefícios dessa tecnologia. Com um acompanhamento contínuo, conseguimos ajustar o dispositivo conforme as necessidades do paciente garantindo uma melhor aceitação e uso constante”, explica.
A fonoaudiologia desempenha um papel vital na adaptação dos aparelhos auditivos, oferecendo um suporte individualizado que considera as características específicas de cada paciente. As sessões de acompanhamento incluem ajustes técnicos no aparelho, orientação sobre seu uso e estratégias para facilitar a integração do dispositivo na rotina diária.
Diante das evidências científicas, é fundamental que a perda auditiva seja encarada com a devida seriedade e que os aparelhos auditivos sejam acessíveis a todos que necessitam. A promoção da saúde auditiva deve ser uma prioridade nas políticas públicas de saúde, especialmente em uma sociedade com uma população envelhecendo rapidamente.