Fernando Alcoforado*
Este é o resumo do artigo de 10 páginas que tem por objetivo demonstrar cientificamente que os seres vivos e os planetas como a Terra, as estrelas como o Sol e o Universo em que vivemos chegarão ao fim devido à entropia porque evoluirão com o tempo para um estado de desordem. A entropia é comumente associada ao grau de desordem de um sistema. Quanto maior a desordem de um sistema termodinâmico, maior a sua entropia. A entropia é uma grandeza termodinâmica associada à irreversibilidade dos estados de um sistema físico. Na Natureza, pode existir três tipos de sistemas: 1) sistema aberto, onde se verificam trocas de energia e de matéria com o meio envolvente; 2) sistema fechado, onde ocorre troca de energia com o ambiente, mas não troca de matéria, de modo que esta se mantém constante e, 3) sistema isolado, em que não há permutas de energia nem de matéria. Os seres vivos são exemplos de sistema aberto porque são capazes de realizar trocas de energia e de matéria com o meio externo (planeta Terra). O planeta Terra e o Sol são exemplos de sistemas fechados, pois estabelecem trocas de energia com o meio envolvente, mas o intercâmbio de matéria não é significativo. Nosso Universo é um exemplo de sistema isolado porque não realiza troca de matéria nem de energia com universos paralelos se eles existirem.
O corpo humano pode ser comparado com um sistema termodinâmico que retira calor de uma fonte (os alimentos) e realiza trabalho usando parte dessa energia. Todos os organismos vivos, sejam eles bactérias, plantas ou animais, extraem energia de seus arredores, por exemplo, obtendo energia através da combustão de matéria orgânica, para aumentar e manter sua complexa organização. Por essa razão, a entropia diminui nos seres vivos. Mas esse grau de ordem de seus componentes, que diminui a entropia, continua a aumentar a entropia em torno dela. Então, em resumo: todas as formas de vida, mais os produtos residuais de seus metabolismos, têm um aumento líquido na entropia. Além disso, para sustentar a vida, é preciso transferir energia para o ser vivo. Se deixar de o fazer, o organismo morre em breve e tende sempre para a destruição da ordem que tinha, ou seja, para a desordem ou aumento da entropia. Com relação à entropia no ser humano, percebe-se que, com o passar do tempo, nosso organismo não consegue mais vencer a batalha da vida. Começamos a sentir os efeitos do tempo e envelhecemos. Nosso corpo já não consegue manter a pele com a mesma elasticidade, os cabelos caem e nossos órgãos não funcionam mais adequadamente. Em um determinado momento, ocorre uma falha fatal e morremos. Como a manutenção da vida é uma luta pela organização, quando esta cessa, imediatamente o corpo começa a se deteriorar e rapidamente perde todas as características que levaram muitos anos para se estabelecer.
O conceito de entropia é de extrema importância quando estudamos a desordem crescente que tem havido no planeta Terra, em razão do aumento da exploração de seus recursos, desmatamento, poluição, entre outras fontes de degradação. Quanto maior for essa degradação, maior será a entropia do planeta, que poderá chegar a um estágio tão elevado que a vida na Terra não será mais possível. A entropia nos mostra que a ordem que encontramos na natureza é fruto da ação de forças fundamentais que, ao interagirem com a matéria, permitem que esta se organize. Desde a formação do nosso planeta, há cerca de cinco bilhões de anos, a vida somente conseguiu se desenvolver às custas de transformar a energia recebida pelo Sol em uma forma útil, ou seja, capaz de manter a organização. Para tal, pagamos um preço alto: grande parte dessa energia é perdida, principalmente na forma de calor. Dessa forma, para que existamos, pagamos o preço de aumentar a desorganização do nosso planeta. Quando o Sol não puder mais fornecer essa energia, dentro de mais cinco bilhões de anos, não existirá mais vida na Terra.
A morte do Sol ocorrerá quando se encontrar numa fase avançada da sua vida. Conforme seu combustível seja consumido, a temperatura vai aumentando e o Sol sofre expansão. Nessa fase, o Sol é chamado de gigante vermelha. Após esse estágio, a força gravitacional passa a prevalecer e a estrela começa a encolher. Quando isso acontecer, o sistema solar virará um caos e o Sol perderá uma tremenda quantidade de massa. Enquanto cresce, o Sol perde massa e morre levando ao fim o sistema solar. A morte térmica do Universo será consequência do fluxo temporal da entropia com esta continuamente crescendo. Em outras palavras, com bastante tempo, a energia irá ser distribuída de forma igual por todo o Universo, passando a inexistir fontes quentes e fontes frias para a realização de trabalho, porque tudo terá a mesma temperatura. Quando o Universo alcançar seu estado de máxima entropia – estado de equilíbrio termodinâmico – nenhum trabalho será possível de ser realizado e toda a energia disponível será convertida em energia indisponível. Apenas a escuridão irá reinar no Universo, marcando sua “morte”. Esse seria o provável fim do nosso Universo.
Pelo exposto, todos os seres vivos, todos os planetas, todas as estrelas e o Universo, que se constituem em sistemas termodinâmicos, chegarão ao fim quando suas respectivas entropias alcançarem o valor máximo. Para evitar o fim dos seres humanos como espécie, que ocorrerá com o aumento de sua entropia, é preciso realizar avanços científicos e tecnológicos em medicina que proporcionem as condições para o aumento da longevidade humana. Para evitar o fim dos seres humanos como espécie, que poderá ocorrer com o aumento da entropia do planeta Terra, do Sol e do Universo é preciso superar os desafios descritos a seguir: 1) Produção de foguetes que alcancem velocidades próximas à da luz para viajar pelo Universo; 2) Produção de tecnologias capazes de proteger os seres humanos em viagens espaciais; 3) Identificação de outros mundos similares à Terra capazes de serem habitáveis pelos seres humanos; e, 4) Capacitação do ser humano para sobreviver no espaço e em locais habitáveis fora da Terra. Na atualidade, há esforços para colonizar o planeta Marte. No entanto, do que se conhece de Marte, este planeta não apresenta as condições necessárias para os seres humanos nele habitarem porque não possui campo magnético nem atmosfera e biosfera similares aos da Terra, bem como apresenta uma aceleração gravitacional média em cerca de 38% à da Terra que é prejudicial à vida humana. A tentativa de colonização do planeta Marte pode significar o início do processo de desenvolvimento de colônias espaciais para uso pelos seres humanos fora da Terra. Os desafios para colonizar Marte precisam ser superados para tornar este planeta uma alternativa mais imediata de fuga para a humanidade quando for necessário.
Para evitar o fim dos seres humanos como espécie, que poderá ocorrer com o aumento da entropia e o fim do Universo, é preciso pesquisar sobre a existência ou não de multiverso ou universos paralelos, que é uma importante questão a estudar porque a existência ou não de multiverso ou universos paralelos abre a possibilidade de os seres humanos sobreviverem ao fim de nosso Universo se dirigindo para outros universos paralelos. Multiverso é um termo usado para descrever o conjunto hipotético de universos possíveis, isto é, universos paralelos, incluindo o Universo em que vivemos. Juntos, esses universos compreendem tudo o que existe: a totalidade do espaço, do tempo, da matéria, da energia e das leis e constantes físicas que os descrevem. O conceito de Multiverso tem suas raízes em extrapolações, até o momento não científicas, da moderna Cosmologia e da Física Quântica, e engloba também várias ideias oriundas da Teoria da Relatividade de modo a configurar um cenário em que pode ser possível a existência de inúmeros universos onde, em escala global, todas as probabilidades e combinações ocorrem em algum dos universos. Simplesmente por haver espaço suficiente para acoplar outros universos numa estrutura dimensional maior: o chamado Multiverso.