Contra o tratamento precoce: em carta aberta médicos cobram CFM

Não é possível admitir que, em momento tão grave para a Saúde Pública como este que atravessamos, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB), entidades médicas que nos representam e que têm como dever zelar pela ética e pelo saber médico, mantenham posturas eminentemente político-partidárias e ideológicas, em frontal desacordo a princípios científico.

Dessa forma, inicia a carta manifesto da ABMMD – Associação Brasileira de Médicos e Médicas pela democracia, o manifesto conta com mais de duas mil assinaturas pedindo uma nova posição a respeito do tratamento precoce a covid-19. O documento ressalta notas de diversas entidades nacionais e internacionais de saúde, publicadas durante a pandemia, onde esclarecem a ineficácia de medicamentos no tratamento precoce ao novo coronavírus.

De acordo com a carta, a ABMMD, segue especificações cientificas em conjunto com entidades como; a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT); bem como a FDA (Food and Drug Administration, EUA), NHS (United Kingdom National Health Service, UK), CDC (Centers for Disease Control and Prevention – EUA), NIH (National Institute of Health – EUA). (Leia manifesto completo)

 

O que fiz o CFM

 

Anteriormente o Conselho Federal de Medicina (CFM), abordou em parecer técnico o tratamento precoce a covid-19; por conta disso, a ABMMD iniciou manifesto a posição dada pelo CFM. De acordo com o Parecer nº 4/2020 o conselho não tem posição política ou ideológica e exerce a profissão por vocação de servir e fazer o bem; que recebe, consulta, acolhe e trata o paciente com essa doença.

CFM delibera que é decisão do médico assistente realizar o tratamento que julgar adequado, desde que com a concordância do paciente infectado —elucidando que não existe benefício comprovado no tratamento farmacológico dessa doença e obtendo o consentimento livre e esclarecido.

Dessa forma, segundo o parecer, o CFM não apoiaria ou condenaria o tratamento precoce ou qualquer outro cuidado farmacológico —tampouco protocolos clínicos de sociedades de especialidades ou do Ministério da Saúde. Ele respeita a autonomia do médico e do paciente para que ambos, em comum acordo, estabeleçam qual tratamento será realizado.

 

Outro citado no manifesto

 

Além disso, a Associação Médica Brasileira emitiu nova nota a respeito das orientações e o tratamento precoce contra a covid-19. Nele o núcleo ressalta que; Entre as melhores evidências científicas demonstram que nenhuma medicação tem eficácia na prevenção ou no “tratamento precoce” para a COVID-19 até o presente momento. Contudo, pesquisas clínicas com medicações antigas indicadas para outras doenças e novos medicamentos estão em curso. Atualmente, as principais sociedades médicas e organismos internacionais de saúde pública não recomendam o tratamento preventivo ou precoce com medicamentos; incluindo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), entidade reguladora vinculada ao Ministério da Saúde do Brasil. Leia nota completa aqui.

 

Relembre divergências anteriores

 

Em publicações anteriores, estudos ressaltam os perigos do uso de medicamento sem eficácia comprovada; especialmente para pacientes que já possuem outros problemas de saúde e idosos. Anteriormente publicada no The new England Journal of Medicine a pesquisa de Ensaio randomizado de hidroxicloroquina como profilaxia pós-exposição para Covid-19, revela que o uso da cloroquina ou hidroxicloroquina após a exposição de alto risco ou risco moderado ao Covid-19;  não preveniu a Covid-19 ou confirmou a infecção quando usada como profilaxia pós-exposição a doença.

Além disso, pesquisa lidera pela Escola de Medicina de Havard e publicada em maio na revista Lancet. Concluiu que o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina em pacientes com o novo coronavírus; mesmo quando associados a outros antibióticos, aumenta o risco de morte por arritmia cardíaca em até 45% nos infectados pela covid-19. A pesquisa foi feita com 96 mil pacientes.

 

 

Por: Joice M Araujo

 

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