Na contra mão dos privados

Grupo de companhias brasileiras se juntaram para negociar a compra de 33 milhões de doses da Vacina de Oxford para imunização dos seus funcionários. O Ministro da Economia, Paulo Guedes; bem como o Vice Presidente Hamilton Mourão, classificam como “coerente” a compra de imunizantes contra a covid-19 por empresas privadas. De acordo com nota publicada na ultima quarta-feira (27), o governo informou que não possuem objeções à compra de vacinas por empresas privadas.Em nota, o governo disse que; não possuem objeções a compra desde que seguidos os tramites legais para a aquisição “Por não apresentar objeções à negociação ou à compra das vacinas, desde que respeitados os trâmites e especificidades normativos impostos pela legislação brasileira, inclusive os regulamentos de importação, alfandegários, sanitários e, sobretudo, a permissão da Anvisa, o Governo Federal emitiu carta evidenciando não ter nenhuma objeção à hipótese” diz nota.

Contudo, mesmo não impedindo a compra, colocou condições para autorizar o processo, entre estão que; metade das doses adquiridas vá como doação para o Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde. Bem como, que as doses usadas nos funcionários das empresas sigam os grupos prioritários estabelecidos na PNI; além da proibição de comercialização das doses compradas.

 

Associação Brasileira de Clinicas

 

Além disso, a Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) iniciou negociação com farmacêutica Bharat Biotech a compra de 5 milhões de doses de uma do seu imunizante produzido na Índia, a Covaxin, assim podendo ter aplicação em caráter emergencial; contudo, o imunizante ainda não possui aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser distribuída no Brasil.

De acordo com a ABCVAC, a associação representa 200 clínicas, que equivalem a 70% do mercado privado nacional e terão prioridade na aquisição da vacina. Com o anuncio, que gerou repercussão nas redes sociais, o ex-presidente a Anvisa, disse ser “imoral” a vacinação antecipada para quem tem dinheiro.

Em entrevista o sanitarista e ex-presidente da Anvisa Gonzalo Vecina; disse que a possibilidade da venda do imunizante no país é “imoral”. De acordo com ele, “Quem deve fornecer é quem tem a vacina e quem tem que garantir que ela chegue ao povo é o estado brasileiro. Se a iniciativa privada quer ajudar o estado, deve fazer isso como subcontratado do estado,” disse.

Sírio Libanês

 

Em divulgação na ultima sexta-feira (29), o Comitê de Bioética do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo; disse que é contra a compra de vacinas contra a Covid-19 pela iniciativa privada. De acordo com o comitê, com a possibilidade de compra por grupos privados, o cenário futuro de pandemia pode ser de escassez da vacina. Além disso, o núcleo ressalta os princípios bioéticos: equidade, integralidade, universalidade, justiça e solidariedade.

“A compra e distribuição de doses de vacina pela iniciativa privada, gerando a vacinação de indivíduos fora dos grupos prioritários que mais se beneficiam, fere os princípios fundamentais da equidade, da integralidade, da universalidade e da justiça distributiva, ferindo não só os próprios fundamentos do SUS, mas também a própria lógica que gera o benefício de uma campanha de vacinação”.

Campanha Vidas Importam 

Veja também: Coronavírus: 5 dias que determinaram o destino da pandemia
O jornalismo independente e imparcial com informações contextualizadas tem um lugar importante na construção de uma sociedade , saudável, próspera e sustentável. Ajude-nos na missão de difundir informações baseadas em evidências. Apoie e compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.