Goiás faz campanha contra a dengue

Secretarias de Saúde de vários municípios de Goiás estão apostando na educação infantil para combater os focos de dengue no estado. Um encontro realizado semana passada em Goiânia discutiu maneiras criativas de se conscientizar sobre o combate ao mosquito transmissor da doença. Este ano, já foram registrados 178.867 casos da doença.

Para o secretário de Saúde deMorrinhos, no sul goiano, André Luís Dias Mattos, conscientizando as crianças, é possível atingir toda família e vizinhança. Com esse intuito, eles lançaram um álbum de figurinhas no qual é possível trocar materiais que se tornariam criadores da dengue e trocar por adesivos e até concorrer a prêmios.

Dentro da campanha, a prefeitura de Itumbiara recolheu 35 mil garrafas de plástico, trocando-as por materiais escolares. O objetivo é o de reduzir o número de casos da doença registrados no município. Goiás é o estado brasileiro com maior número de casos.  Este ano, só em Itumbiara foram confirmados 470 casos.

A campanha já retirou das casas e ruas 700 kg de materiais recicláveis que poderiam se tornar criadores do mosquito transmissor da Dengue. Na ação, foi criada uma tabela que indica o brinde dado pelos itens arrecadados. s estatísticas consolidadas só consideram os registros de 4 de janeiro até o dia 29 de agosto, o que indica que o balanço final do ano pode ser maior.

O recorde de mortes foi alavancado pela epidemia no estado de São Paulo, onde 667,5 mil pessoas foram infectadas. Do total de brasileiros que morreram neste ano por causa da doença, 58% viviam em cidades paulistas, o equivalente a 403 óbitos. Goiás foi o segundo Estado com o maior número de mortes: 67, seguido por Ceará (50), Minas (47) e Paraná (24). Só quatro Estados não registraram nenhuma morte: Acre, Roraima, Sergipe e Santa Catarina.

As mortes por complicações da Dengue são divididas em dois tipos mais comuns: a febre hemorrágica e a síndrome do choque da Dengue. No primeiro caso, o vírus ataca órgãos como o fígado, o que reduz a produção de plaquetas, células responsáveis pela coagulação, causando sangramentos internos e externos.

No segundo caso, o organismo passa a produzir células de defesa em excesso para tentar combater a infecção. A reação, no entanto, pode ser tão exagerada que o sistema imunológico passa a atacar o próprio corpo. “O número elevado de mortes está associado ao alto número de casos que tivemos neste ano. Mas o recorde levanta um alerta de que a população precisa estar melhor informada para não banalizar os sintomas”, diz Jean Gorinchteyn, infectologista do Instituto Emílio Ribas.

Segundo afirma, a atenção deve ser ainda maior para os grupos considerados mais vulneráveis ao agravamento da doença: idosos, crianças, gestantes e pacientes com doenças crônicas ou com baixa imunidade. “Não é preciso esperar os sintomas se agravarem. Febre alta, dor no corpo e nos olhos já indicam a necessidade de procurar um médico.”

As principais pessoas envolvidas na campanha são as crianças, que aprovam a medida da prefeitura. A estudante Ana Clara Costa aderiu à campanha e recolheu garrafas plásticas. E ela sabe o que acontece se esses materiais não forem recolhidos. “Senão acumula muito os mosquitinhos da Dengue, aí tem que tirar”, disse. Quem já teve Dengue também aderiu à campanha para que não seja uma nova vítima da doença. “É horrível. Três vezes já tive Dengue e não quero mais não”, contou a diarista Romilda Silva.

Além da troca de materiais recicláveis, a campanha contra a Dengue também envolve a criação de bibliotecas dentro de geladeiras. O objetivo é retirar as carcaças dos eletrodomésticos que ficariam abandonados, acumulando água, e usar como um meio de conscientização contra o vírus.

As geladeiras recebem pinturas e grafites para chamarem a atenção da população. Cada bairro que adere à campanha ganha uma dessas bibliotecas.

 

Redação Saúde no Ar

(A.V)

 

 

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