Pesticidas e poluição podem aumentar risco de autismo na gravidez

A quantidade de substâncias ligadas ao surgimento do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é maior do que a imaginada. De forma geral, quando o exame de gravidez dá positivo, a maioria das mulheres adota mudanças no estilo de vida para garantir um desenvolvimento saudável ao bebê: cortam bebidas alcóolicas, param de fumar e escolhem melhor o que comer.  Contudo, a lista do que fazer para evitar danos ao feto é bem mais extensa que isso.

Estudos canadenses publicados no Jornal Europeu de Neurociência, afirmam que no início da gravidez as mulheres devem prestar atenção até nos rótulos da maquiagem. Para os autores do artigo, no primeiro trimestre de gestação, as futuras mamães precisam evitar uma série de produtos que vão de pesticidas a cosméticos e plásticos. Para isso, eles se basearam em pesquisas sobre a associação entre fatores ambientais e o TEA,  um distúrbio de desenvolvimento complexo que envolve diversos fatores, e no qual a genética desempenha um papel crucial.

De acordo com a professora da Faculdade de Cinesiologia e Ciências da Saúde da Universidade de York, no Canadá, Dorota Crawford,  os estudos mostram que alguns compostos químicos encontrados em produtos do dia a dia, como rímel, detergente e embalagens, interrompem a produção de uma molécula de lipídio chamada prostaglandina E2 (PGE2), importante para o desenvolvimento e o funcionamento cerebral. Por isso, a exposição a essas substâncias poderia aumentar o risco de a criança ter autismo.

Segundo Crawford, as mulheres precisam ficar mais vigilantes evitando se expor a produtos químicos, como cosméticos e cremes que colocam no corpo sem saber que estão cheios de compostos que podem prejudicar o feto. Os cuidados devem ser ainda maior no primeiro trimestre de gravidez, por ser esta a fase mais crítica para abortos e malformações decorrentes de doenças e deficiências nutricionais maternas.

Christine T. Wong, pesquisadora de neurociências da Universidade de York e principal autora do artigo, concorda e explica que, uma vez no corpo da gestante, esses químicos podem chegar ao cérebro em desenvolvimento, ao ultrapassar a barreira sangue-cérebro que, no feto, ainda está se maturando.

Essa fina camada física filtra seletivamente as substâncias que circulam na corrente sanguínea, impedindo que alcancem o sistema nervoso central. Da mesma forma, a barreira placental permite a passagem de nutrientes para o feto, mas evita que compostos perigosos cheguem a ele. Contudo, é somente após a 10ª semana de gestação que essas estruturas estão maduras.

Problemas já conhecidos

Alguns desses compostos são mais fáceis de identificar e já foram associados anteriormente a problemas neurológicos – caso dos pesticidas DDTs, reconhecidamente perigosos à saúde de animais e humanos e banidos de diversos países, incluindo o Brasil, por estarem relacionados a cânceres e outras doenças. Mas, as mulheres, de forma geral, desconhecem os nomes e produtos contidos em outros tipos de produtos e embalagens.

Metais pesados, como mercúrio e chumbo, descartados no ambiente como resíduo industrial, também têm forte associação com distúrbios do desenvolvimento, algo identificado há muito tempo.A maior dificuldade, porém, é detectar os compostos perigosos ao feto nas classes de cosméticos e bens de consumo, pois a maioria das pessoas não tem qualquer familiaridade com os nomes.

Crawford afirma ainda que produtos que usamos no dia a dia potencialmente contêm químicos que se acumulam no nosso organismo dentro dos tecidos de gordura.” Eles se tornaram uma preocupação para a saúde humana. Muitos conseguem entrar na corrente sanguínea através da pele e por outras barreiras protetivas entre a mãe gestante e o feto”, conclui. Com informações do Saúde Plena.

Portal Saúde no Ar

A.V.

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