OMS aciona alerta contra peste bubônica

A Organização Mundial da Saúde (OMS) acionou um novo alerta e desta vez não é por causa do Ebola, mas de um possível novo surto da peste bubônica, em Madagascar, país insular da costa sudeste da África. De acordo com um comunicado da OMS, até o final do ano passado, foram confirmados ao menos 119 casos da doença, incluindo 40 mortes.

“O surto que começou em novembro passado tem algumas dimensões preocupantes”, anunciou a OMS, no início deste ano.”As pulgas que transmitem esta doença de ratos para os seres humanos desenvolveram resistência aos inseticidas de primeira linha.” Os especialistas informam que a peste está se espalhando, principalmente, em favelas densamente povoadas na capital de Antananarivo.

O problema, porém,  não se resume à África: a maior potência econômica do mundo, os Estados Unidos,  ainda não conseguiu erradicar essa que é uma das doenças mais antigas da humanidade. Este ano, foram registrados 15 casos da peste no país, com quatro mortes, oito a mais do que era registrado anualmente  no século XXI, segundo o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) do governo americano.

Doença da antiguidade

A praga causou cerca de 50 milhões de mortes na África, Ásia e Europa no século XIV, dizimando metade da população europeia. O último surto em Londres foi a Grande Praga de 1665, que matou um quinto dos moradores da cidade. Depois houve uma pandemia na China e na Índia no século XIX, que ceifou mais de 12 milhões de vidas.

A doença é causada pela Yersinia pestis, uma bactéria encontrada em roedores e transmitida por pulgas, em cujo intestino a bactéria se desenvolve. É também chamada peste negra porque, no estágio final da doença, a pele das pessoas ficava preta por causa de hemorragias subepidérmicas e gangrena das extremidades como dedos, nariz e orelhas.

Caso uma pulga infectada pique uma pessoa, ela poderá desenvolver a peste bubônica, que tem com principal sintoma o inchaço dos gânglios linfáticos. Se as bactérias atingem os pulmões, o paciente pode desenvolver a peste pneumônica, o que é mais raro. Caso isso ocorra, a doença é ainda mais perigosa, porque pode ser transmitida entre humanos pela inalação e tosse.

Já a peste septicêmica, por sua vez, ocorre quando a infecção se espalha para o sistema circulatório, ou seja, para o sangue. No geral ela ocorre como uma complicação da peste bubônica, uma vez que a bactéria pode sair do sistema linfático e atingir o sangue.

“Caso diagnosticada precocemente, a peste bubônica pode ser tratada com sucesso com antibióticos”, disse a Organização Mundial da Saúde. “A pneumônica, por outro lado, é uma das doenças infecciosas mais mortais; os doentes podem morrer 24 horas após a infecção.” O perigo maior é que em 8% dos casos a peste bubonica pode avançar para a peste pneumônica.

Se a bactéria atinge os pulmões, no geral pelo sangue, o paciente desenvolve peste pneumônica, que é transmitida de pessoa para pessoa por meio de objetos infectados com muco ou pelo ar. Os sintomas iniciais de peste bubônica aparecem 7-10 dias após a infecção.

A cura com antibióticos

O diagnóstico precoce permite que a peste negra seja curada com antibióticos. Mas, se não for tratada rapidamente, a peste negra pode ser fatal. A maioria dos casos da peste ocorre no verão, quando as pessoas passam mais tempo em áreas externas.Todos os casos ocorridos nos EUA este ano foram registrados nos estados do Novo México, Arizona, Califórnia e Colorado ou outros Estados a oeste do meridiano 100, que divide o país no meio. O Meridiano 100 é chamado pelo especialista em doenças infecciosas da Universidade de Pittsburgh, Amesh Adalja, como a “linha da praga”.

Hoje, a peste ocorre em menos de 5.000 pessoas por ano em todo o mundo. Epidemias de peste negra já ocorreram na África, Ásia e América do Sul. Mas, desde a década de 1990 a maioria dos novos casos ocorreu no continente africano. Em 2013 foram registrados 783 casos em todo mundo, incluindo 126 mortes. Os três países mais endêmicos são Madagascar, República Democrática do Congo e Peru.

Porém, o mais assustador é que ela foi classificada como uma “arma biológica categoria A”, segundo um pesquisador. Uma média de sete casos por ano é uma coisa, mas o risco de uma guerra biológica, ainda que remoto, é algo bem diferente.

A existência de “reservatórios animais” explica a dificuldade em erradicar a praga, afirmam especialistas. Por este motivo, nos Estados Unidos, os cientistas estão trabalhando em vacinas injetáveis para roedores, como pés pretos, furões e cães da pradaria, abrindo a possibilidade de eliminar a doença em animais dessa espécie, ao menos nos parques nacionais mais visitados dos EUA.

Tipos de peste

Peste bubônica, que afeta o sistema linfático, causará um inchaço nos nódulos linfáticos, que ficam inflamados e dolorosos – um sintoma conhecido como “bubo”. Os bubões podem adquirir uma coloração azul-esverdeada devido à degeneração das células sanguíneas. Em estágios avançados da infecção, os gânglios linfáticos inflamados podem se transformar em feridas abertas que transmitem a bactéria por contato.

Peste septicêmica caracteriza-se pelas hemorragias em vários órgãos. Isso forma manchas muito escuras, por isso que a doença leva o nome de peste negra. Uma vez no sangue, a bactéria pode atingir qualquer órgão, sendo comum a infecção do pulmão.

Peste pneumônica deixam os pacientes com tosse com sangue e pus – secreções altamente infecciosas.

*Redação Portal Saúde no Ar

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