Sobram vagas em residência médica

A expansão de vagas de residência em medicina da família- considerada um dos pilares do programa Mais Médicos- tem tido pouca adesão por parte dos estudantes.

Segundo dados do Ministério da Educação só uma em cada quatro vagas da especialidade, cujo foco são ações de cuidados básicos em saúde, é preenchida. Em 2015, das 1.537 vagas disponíveis, só 400 foram ocupadas –ou seja, 26% do total.

Conforme matéria publicada na Folha de São Paulo, esse percentual tem se mantido estável nos últimos anos e em algumas regiões, como no Nordeste, o índice é ainda menor: apenas 17% das vagas são ocupadas.

Mesmo assim, o governo federal anunciou, em agosto, mais 2.250 vagas na área.

Isso é necessário porque, segundo a lei do Mais Médicos, a partir de 2019 a especialidade será pré-requisito para a grande maioria das residências, que passam a ter o início do curso focado em medicina da família. Só então o aluno poderá passar para a área em que deseja atuar. Trata-se de uma alternativa para forçar o aumento desses profissionais no país, cuja tarefa principal é a de acompanhar a saúde de um bairro ou comunidade, atendendo crianças a idosos. Hoje, há cerca de 3.200 médicos da família. O objetivo é prevenir doenças graves e encaminhar para especialistas –como cardiologista ou neurologista.

Reservas

A  ampliação de vagas é vista com ressalva por entidades médicas, que temem que a medida traga impacto negativo para a especialidade e demais residências.

Para o presidente da Associação Nacional de Médicos Residentes, Arthur Danila, “se hoje já tem ocupação de apenas 26%, é porque há algo errado”. Na sua opinião, sem estrutura adequada, a nova residência corre o risco de se tornar “um péssimo cartão de visitas” para o médico.

Já Diogo Sampaio, da Associação Médica Brasileira, a residência integrada a outras áreas pode fazer com que quem atuaria em medicina da família deixe a especialidade. “Vamos perder o pouco que já formamos por ser só um pré-requisito”, afirma.

Segundo os representantes da categoria, em geral, a medicina de família é considerada menos atrativa por causa dos baixos salários e da falta de opções no mercado, que costuma ser restrito à rede pública e a projetos de planos de saúde.

A.V.

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