“Sunburn art” pode causar câncer de pele

A sunburn art, nova moda no verão do Hemisfério Norte que vem se propagando pelas redes sociais, é uma velha conhecida dos brasileiros dos anos 70 e 80. A moda, que consiste em exibir uma espécie de tatuagem, criada pelo bronzeado do sol, em que os desenhos surgem ao se passar protetor solar em apenas algumas áreas do corpo ou ao bloquear os raios com moldes, faziam parte dos hábitos dos jovens nas praias da moda das principais capitais litorâneas do país como Rio e Salvador, por exemplo.

O fashion era mostrar o bronze da pele, através das marcas brancas das alcinhas do biquíni ou do maiô. Preocupação com filtro solar, basicamente não existia. Os nativos das ensolaradas praias brasileiras só tinham consciência da existência do filtro por conta dos turistas estrangeiros.

No mais,o bacana era apelar para todas as formas de se ficar bronzeado, desde usando-se os bronzeadores vendidos pelos ambulantes na praia até o Raito de Sol, famoso bronzeador solar, importado dos vizinhos argentinos. Valia tudo para mostrar o “bronze” da pele, incluindo as invenções caseiras como óleos de dendê e de urucum até Coca-Cola. Naquela época, câncer de pele não existia no vocabulário do brasileiro comum.

A nova moda fez soar o sistema de alarme dos dermatologistas que alertam para o perigo da prática que pode favorecer o câncer de pele. Um deles, Barney Kenet, disse à ABC News que  queimaduras de sol têm dois efeitos sobre as pessoas: dão rugas e sardas, e também causam câncer de pele, principalmente melanoma.

Na reportagem, publicada no Brasil pelo site Terra, o médico acrescentou que a chance do melanoma é ainda mais perigosa pelo fato das pessoas permanecerem mais tempo sob o sol para que a “tatuagem” fique mais visível.

Ouvida pela reportagem do Terra, a dermatologista brasileira Carla Albuquerque, afirmou não é possível fazer “sunburn art” de maneira segura, pois não existe bronzeado saudável, mesmo que a vermelhidão da pele não seja evidente.

-O bronzeado nada mais é que uma reação da pele que, para se proteger dos danos causados pela radiação ultravioleta, produz mais melanina. À medida que esse bronzeado se estabelece para fazer essas ‘tatuagens’, o dano à pele já ocorreu. Vale lembrar que os efeitos são cumulativos. Portanto, a pele tem memória para essas queimaduras/bronzeados e os efeitos negativos podem vir com o tempo, alertou.

A dermatologista chamou a atenção também para a falta de consciência dos mais jovens para com a saúde e afirmou que a “sunburn art”  pode trazer consequências também em curto prazo, como ardor, vermelhidão, mudança da textura da pele e até bolhas. “Penso que, quando somos jovens, não pensamos que um dia iremos envelhecer e que teremos de cuidar das consequências do que ‘plantamos’ no passado. Colocar a saúde da pele em risco seja em curto, médio e longo prazo por conta de uma ‘moda’ é, ao meu ver, dispensável”, finalizou .
A.V.

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