CFM repudia casos de agressão em serviços de saúde e cobra providências de autoridades

O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou nota nesta terça-feira (18) pela qual manifesta publicamente seu repúdio aos atos de violência registrados em 16 de julho, no Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, no Rio de Janeiro (RJ). O incidente resultou na morte de uma paciente, no retardo de atendimentos e em ferimentos na médica Sandra Lúcia Bouyer Rodrigues, que foi alvo de agressões enquanto desempenhava suas atividades naquele serviço.

ACESSE A ÍNTEGRA DA NOTA DIVULGADA PELO CFM

Para o CFM, esse e outros episódios do mesmo exigem dos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) e da área de segurança pública – em todas as instâncias (municipal, estadual e federal) – a adoção urgente de medidas efetivas para prevenir e combater a violência em todas as suas formas de manifestação, nos ambientes médico-hospitalares, sob pena de responsabilização de negligência com relação a situações desse tipo.

“A garantia de condições para o exercício da atividade médica, dentre os quais a oferta de um espaço seguro, é imprescindível à oferta aos pacientes de acesso ao direito fundamental à saúde, tanto na rede pública quanto na rede privada”, alertou o presidente do CFM, José Hiran Gallo.
Pacientes – No dia da agressão, Sandra Rodrigues era a responsável pelos cuidados de 60 pacientes, dos quais 40 em estado grave. Porém, seu caso não é fato isolado. Nos últimos anos, também no Rio de Janeiro, a imprensa noticiou a agressão de pelo menos três médicos.
Num dos casos, uma médica atendia numa UPA em Cabo Frio; no segundo, outra profissional estava em atendimento no Hospital Municipal Albert Schweitzer; e no terceiro, um médico apanhou por não dar um atestado a um paciente. No estado do Rio de Janeiro, um levantamento feito pelo Cremerj aponta o registro de 69 casos de agressão, entre dezembro de 2018 a agosto de 2019, o que dá uma média de um caso a cada quatro dias.
Porém, a violência contra médicos e médicas não é exclusividade do Rio de Janeiro. Há registros de agressões contra médicos, feitas pela imprensa ou órgão de classe no Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Rondônia, sem contar as agressões cotidianas, que não recebem a atenção da mídia.
Médicos – Pesquisa feita pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) e pelo Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Cofen), publicada em 2017, mostrou que 75% dos médicos e enfermeiros já tinham sofrido violência no trabalho. Percentuais similares foram encontrados por pesquisadores que divulgaram no site Springer um artigo recente sobre o assunto.
De acordo com a pesquisa, 75% dos profissionais de saúde dos Estados Unidos já tinham sofrido agressão no local de trabalho. Na Índia, considerado o “país líder” em relação à violência contra médicos, 75% dos médicos já tinham enfrentado algum tipo de violência em sua vida profissional, sendo que é maior a prevalência entre médicos com menos de 5 anos de experiência.
Na Alemanha, uma pesquisa com 831 psiquiatras mostrou que 91% já tinham sofrido agressões no trabalho. Outra pesquisa feita na Espanha mostrou que as agressões eram maiores no setor público, onde 89% dos profissionais de saúde afirmaram ter sofrido agressões. Para os autores do artigo, o tempo de espera para o atendimento e a falta de medicamentos são fatores que desencadeiam cerca de 15% das violências contra médicos.
“Nada justifica uma agressão contra um profissional de saúde que está tentando salvar vidas, como a doutora Sandra Rodrigues. É preciso oferecer condições para que o médico possa exercer em paz o seu ofício. Diante disso, se a presença de policiais nos hospitais e unidades de saúde para que tentativas de agressão sejam coibidas”, arrematou o presidente do CFM.

 

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