Museu da USP vai produzir, pela primeira vez, kit educativo que visa despertar educação antirracista

Reconhecido pela tradição em formar professores e desenvolver kits pedagógicos utilizados na educação básica, como de arqueologia e etnologia geral, arqueologia do Mediterrâneo, brinquedos infantis indígenas e maquetes táteis de arqueologia brasileira, o MAE buscará desenvolver, de forma inédita, um material que seja referência no País e sirva como ferramenta na promoção de uma educação antirracista.

O projeto é resultado de uma parceria do MAE com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) firmada em janeiro. Num prazo de dois anos, será desenvolvido o material como meio de divulgação científica e educação museal em espaços científico-culturais. A iniciativa reúne pesquisadores da USP e membros da comunidade negra de setores religiosos, artísticos e educacionais, na busca por uma produção pedagógica em formato de kit que pretende estabelecer uma perspectiva colaborativa e decolonial. Segundo os organizadores, o intuito é também desenvolver de forma educativa um kit que rompa com ideias equivocadas sobre os povos africanos e afro-brasileiros, permitindo conhecer a riqueza que há no berço da civilização até os dias de hoje

O projeto é dividido em três grandes fases. A primeira, que está em andamento, consiste em mapear propostas de como o kit será desenvolvido a partir das articulações com os diferentes participantes. Em seguida, haverá a contratação dos serviços e a produção dos conteúdos. Por fim, haverá a realização das formações educacionais e difusão do material pedagógico.

O kit educativo será composto de livro didático, réplicas de objetos religiosos e artísticos, africanos e afro-brasileiros do MAE e do Museu Afro Brasil Emanoel Araújo; elaboração de mapas e produção de vídeos educativos. O material, desta vez, também será disponibilizado digitalmente com ferramentas acessíveis como audioguia, audioguia com audiodescrição, videoguia com intérprete de Libras e publicação em braile; elaboração de mapas e produção de vídeos educativos. Após confeccionado fisicamente, poderá ser retirado no museu seguido de uma formação educativa. Os kits até então produzidos podem ser solicitados neste link.

O conteúdo presente nesta edição representa a realização de um sonho para Maurício André da Silva, um dos coordenadores do projeto. A antiga demanda que professores e estudantes encaminharam ao Educativo do MAE no desenvolvimento de um material que atendesse às especificidades culturais da civilização africana e afro-brasileira felizmente, agora, foi atendida. A produção do kit educativo segue em andamento. Mesmo que tardia, a ideia ser posta em prática, o educador admite: “Demoramos não somente por conta da falta de investimento, mas devido à branquitude que está instituída por todos os cursos da USP há décadas. Somos a última universidade do País a aderir ao sistema de cotas!”

Fontes:
Texto: Danilo Queiroz
Arte: Gabriela Varão
Foto: Cecília Bastos/USP

 

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