De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais de 1996 até junho de 2022, a tabela do IR acumulou uma defasagem de mais de 147%. Ou seja, se fosse reajustada pela inflação, a faixa de isenção subiria de R$ 1.903 para R$ 4.670.
Assim, a falta de correção da tabela do Imposto de Renda e a aceleração da inflação atingem de forma diferente os contribuintes. As famílias de renda mais baixa passaram a ser mais tributadas.
Em simulação, o estudo mostra que quem ganha um pouco mais por exemplo R$ 5 mil, paga hoje R$ 505 de imposto de renda. Com a correção, esse valor cairia para R$ 24 – uma diferença de quase 2.000%.
Já nas grandes rendas, o impacto seria bem menor. Uma renda declarada, por exemplo, de R$ 50 mil, que hoje paga R$ 12,8 mil, passaria a pagar R$ 11,6 mil – uma diferença de 11%.
A analise calcula que desde o início do governo de Jair Bolsonaro, a defasagem está em 26,5%, percentual calculado com base na inflação do período. Se a tabela fosse reajustada integralmente desde 1996, 12 milhões de pessoas deixariam de pagar imposto, e o total de isentos passaria a ser de 24 milhões.
A conclusão do estudo é que sem o reajuste da tabela, os mais pobres passam a pagar mais imposto. Dessa forma, se a tabela não for revista, faixa de isenção do IR vai se aproximar cada vez mais do salário mínimo. Quem recebe um salário mínimo e meio não pagou IR em 2022, mas vai começar a pagar a partir de 2023.
O Ministério da Economia afirmou que não vai se manifestar sobre a defasagem na tabela do Imposto de Renda.