A revista científica Nature publicou no dia 19 de agosto uma denuncia alertando sobre o perigo da suspensão das mais de 80 mil bolsas de pesquisa no Brasil, vinculadas ao CNPq, a partir de setembro, em decorrência dos cortes no orçamento da ciência e tecnologia – realizados pelo governo Jair Bolsonaro.
“O governo está colocando em risco o futuro de toda uma geração de cientistas brasileiros”, diz Paulo Artaxo, pesquisador do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP): “O cancelamento das bolsas terá um impacto devastador na ciência brasileira, que depende desses jovens pesquisadores”, afirmou Artaxo. Para Alexandre Turra, que compõe o quadro docente do Instituto Oceanográfico da USP, não apoiar os estudantes em programas de pesquisa “é como atirar no próprio pé”.
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), sediada em São Paulo, lançou uma petição on-line em 13 de agosto, juntamente com outras 97 instituições de pesquisa e educação do país, exigindo que o governo ajude o CNPq a cumprir seus compromissos de financiamento. Em 19 de agosto, registrava mais de 270.000 assinaturas.
Muitos pesquisadores deixaram o Brasil para melhores situações no exterior, enquanto os que ficaram lutam para manter seus laboratórios funcionando: “A ciência está andando para trás no Brasil”, afirma Marcos Buckeridge, diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol. O instituto inclui 31 laboratórios – em 5 estados brasileiros – que desenvolvem tecnologia para produzir biocombustíveis usando materiais como plantas ou resíduos animais