Tempo de chuva e de calor forte é considerado o clima ideal para a proliferação do Aedes aegypt, portanto todo cuidado por parte da população e da administração pública é pouco. Nessa época do ano, existe muita água armazenada nos domicílios, favorecendo a proliferação desse mosquito urbano. O mosquito está bem adaptado a zonas urbanas, mais precisamente ao domicílio humano, onde consegue reproduzir-se e pôr os seus ovos em pequenas quantidades de água limpa, isto é, pobres em matéria orgânica em decomposição e sais (que confeririam características ácidas à água), que preferivelmente estejam sombreados e no peridomicílio. Mas, nada impede que prolifere em águas sujas, embora em menor quantidade.
Conhecido popularmente como mosquito da dengue ou pernilongo rajado, o Aedes aegypt mostra, através do próprio nome, o quanto é temido. Seu nome- aēdēs do grego “odioso” e ægypti do latim “do Egipto” pode ser traduzido como o “Odiado no Egito”.
O grande perigo desse mosquito é ser vetor de dois vírus que circulam na Bahia: o da dengue e o da febre chikungunya. Caso seja confirmada a presença do Zica vírus em Salvador, ele poderá estar transmitindo três vírus no Estado. Ainda por cima, o Aedes aegypti é transmissor também do vírus da febre amarela, que felizmente não é considerado um risco para os baianos.
Ao contrário do Anopheles, vetor da malária, que tem atividade crepuscular, o Aedes aegypti se encontra ativo e pica silenciosamente durante o dia, tendo o ser humano como vítima preferencial, não fazendo nenhum som audível antes de picar. Mede menos de um centímetro, é preto com manchas brancas no corpo e nas pernas. Segundo pesquisas, ele foi introduzido na América do Sul através de barcos provenientes de África.
Nas Américas, admite-se que a primeira colonização ocorreu através dos navios negreiros, no período colonial, junto com os navios negreiros. Houve casos em que os barcos ficaram com a tripulação tão reduzida, por conta das mortes causadas por ele, que passaram a vagar pelos mares, criando a lenda dos “navios-fantasmas”. No Brasil, o Aedes aegypti havia sido erradicado na década de 1950, voltando a colonizar esse país nas décadas de 1960 e 1970, vindo dos países vizinhos que não haviam conseguido promover a sua total erradicação.
O controle das suas populações é assunto de saúde pública. Segundo o sub-coordenador da Vigilância Epidemiológica do município, Ênio Soares, o mosquito pode transmitir tanto a dengue quanto a febre chikungunya e até os dois de vez, a depender da imunidade e da competitividade no organismo dos dois vírus. A sintomatologia das doenças são muito parecidas, sendo que a dengue pode levar à morte e a chikungunya à cronicidade da doença.
Além do “pernilongo rajado”, existe o Aedes albopicus que também pode transmitir o vírus da dengue, mas não é páreo para o aegypti Para se ter uma ideia, o número de casos de dengue cresceu 153% na Bahia nos primeiros quatro meses desse ano, em relação ao ano passado, cabendo à população tomar os cuidados para evitar que o inseto prolifere.
Aurora Vasconcelos