400 milhões de pessoas não sabem que têm hepatite viral

A partir de iniciativa e propostas brasileiras, a Organização Mundial de Saúde (OMS), durante Assembleia Mundial da Saúde realizada em maio de 2010, instituiu a data de 28 de julho como o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. Segundo a OMS, 400 milhões de pessoas em todo mundo vivem com algum tipo de infecção crônica de hepatite B ou C. Para o Brasil, a estimativa é de mais de 2 milhões de pessoas com a doença e, poucas sabem que têm.

A hepatologista, Delvone Freire, em entrevista ao Saúde no Ar, explica que as hepatites virais compõem um grupo de doenças designadas pelas letras A, B,C,D,E,F,G e muitas outras, “porém, nesse período, enfocamos as que produzem as doenças crônicas, ou seja, a B e a C”. Ainda segundo a especialista, ouvimos falar muito da hepatite A, mas ela tem outro espectro, pois é uma doença benigna que, em geral, evolui para cura. “Já temos vacina também para A e só raramente ela pode se complicar”, informa.

De acordo com Delvone, até mais ou menos 1992 não havia diagnóstico laboratorial para hepatite C e todo mundo que recebeu transfusão de sangue antes desse período, tem o risco de ter contraído a doença. Como as hepatites virais são silenciosas, às vezes, a pessoa pode portar o vírus sem saber. Por isso, há a necessidade de exames anuais de rotina para detectar qualquer infecção. Quando sintomas como, febre, fraqueza, mal-estar, enjoo, náuseas, perda de apetite, urina escura, fezes esbranquiçadas, dentre outros, aparecem significa que a doença já está em um estágio bem avançado.

“O vírus da hepatite C ainda está muito presente, pois existe ainda o compartilhamento de seringas, seja para o uso de drogas ilícitas, no uso de tatuagens, nas manicures. Até compartilhar escova de dentes é um risco. ”, alerta a especialista.

A hepatite B é uma doença transmitida pelo vírus VHB, que tem predileção por infectar os hepatócitos, as células do fígado. Essas células podem ser agredidas pelo VHB diretamente, ou pelas células do sistema de defesa que, empenhadas em combater a infecção, acabam causando um processo inflamatório crônico.

A vacina para hepatite B faz parte do calendário de vacinação nacional e é obrigatória. Há dois tipos de vacina contra hepatite B: a de primeira geração contém partículas virais obtidas do plasma de doadores do vírus, inativadas pelo formol; a de segunda geração é preparada por método de engenharia genética e obtida por tecnologia de recombinação do ADN (ácido desoxirribonucleico). As duas vacinas utilizam hidróxido de alumínio como adjuvante e o timerosal como conservante. O Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde recomenda atualmente apenas o uso da vacina recombinante, isto é, a obtida por engenharia genética.

Quanto ao diagnóstico das hepatites virais, a hepatologista Dalvone Freire disse ao Saúde no Ar, que a forma mais fácil e de menor custo, até para o sistema público de saúde é o teste rápido. “Hoje existe teste rápido para diversas infecções, como HIV, sífilis, HPV e em qualquer unidade de saúde básica deverá ter os testes. Com uma só gotinha de sangue se obtém o diagnóstico”, informa.

Ao se instituir o mês de julho como o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, pretende-se chamar atenção das pessoas acima dos 40 anos para incluírem em seus exames de rotina o teste para o vírus da hepatite B e C. “Lembro que esses vírus atuam de forma silenciosa e a pessoa pode não apresentar sintomas por 10 anos ou mais. ”, enfatiza a especialista.

Julho Amarelo- Para mostrar a importância para a população de se descobrir a doença e buscar tratamento, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) lança uma campanha alusiva ao Julho Amarelo, com o objetivo de chamar a atenção da população sobre a doença.

Durante a ação, os núcleos Regionais de Saúde, Bases Regionais de Saúde e coordenações de serviços especializados devem dar suporte a vacinação contra Hepatite B na população de menor cobertura vacinal, ou seja, com faixa etária maior de 20 anos.

No dia 28 de julho, o Programa Estadual de DST/Aids e Hepatites Virais lança o Boletim Epidemiológico de 2016, além de apoiar atividades no Cedap (Roda de Conversa sobre Hepatites Virais, no dia 25, a partir de 14 horas), Hospital Universitário Professor Edgar Santos (HUPES) (campanha de testagem rápida para hepatite B e C, dia 2, às 8h30min) e Farmácia Integrada de Medicamento e Atenção Especializada (Fimae), no Hospital Especializado Octávio Mangabeira (de 25 a 29, atividades educativas, campanhas de testagem e palestras).

Campanhas de testagem e vacinação ocorrerão em alguns municípios, como Barreiras, Ipiau, Itabuna e Teixeira de Freitas. A Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Sesab, por meio da Coordenação de Agravos/GT-DST/Aids e HV e da Coordenação de Imunizações e Vigilância Epidemiológica das Doenças Imunopreveníveis (Civedi) também recomenda às secretarias municipais de Saúde que reforcem ações estratégicas de implementação da vacinação contra Hepatite B na população com baixas coberturas e áreas que registram bolsões de susceptíveis para o referido agravo.

Novo tratamento ofertado pelo SUS- Até 2015 muitos pacientes em tratamento contra hepatite, convivia com fortes efeitos colaterais do medicamento composto por comprimidos e injeções periódicas. Além de irritação nervosa e depressão. Mas desde o fim de 2016 o SUS passou a ofertar gratuitamente a sufosbuvir e o daclatasvir, que compõem o novo tratamento para a doença.

Os medicamentos têm mudado, aos poucos, a vida dos portadores da doença, O ministério obteve desconto de 420% devido ao volume comprado em relação à média paga por outros países pelos mesmos medicamentos. A Dinamarca, por exemplo, gasta de US$ 82 mil a US$ 92 mil por paciente, enquanto o Brasil investe US$ 9,6 mil em cada tratamento.

sus em Foz do iguaçu

Locais para atendimento gratuito- Na Bahia, alguns postos de saúde, ambulatórios e hospitais são unidades de referência especializadas em hepatites virais. Confira lista abaixo dos locais que oferecem atendimento:

Ambulatório Magalhães Neto do Hospital das Clínicas, R. Padre. Feijó, s/n, Canela, Tel.(71) 3283-8363

Ambulatório Médico de Brotas, Av. D. João VI, s/n, Brotas, Tel.(71) 3376-8281
cedap, R. Comendador José Alves Ferreira, 240, Garcia, Tel. (71) 3116-8867
S. A. E. Edgar Pita, R. Funrural, s/n, Morada Nobre – Barreiras (77) 3613-9564/4191
C. R. Especilizado em Saúde (Cres), R. Oito de Dezembro, 59, Centro, Camaçari (71) 3622-0949
C. S.E.Dr. Leone C. Leda, R. Germiniano Costa, s/n, Centro, Feira de Santana (75) 3221-8001
C. R. Júlio Brito, R. Inácio Tosta Filho, 360, Centro, Itabuna (73) 3214- 6129
C. S. Dr. Elvídio Antonio dos Santos, R. João Durval Carneiro, s/n, Santana, Ipiau (73) 3531-7491
C. S. Dr. Altino Lemos, Av. Carmela Dutra, s/n, Angari, Juazeiro (73) 3632- 3750/75/76
CTA/SAE, Av. Antonio Vicente, 163, Centro, Senhor do Bonfim (74) 3514-3312
S. A. E. Viva Vida, Pça. Pirajá, s/n, Centro, Santo Antonio de Jesus (75) 3632-1727
CTA/SAE, R. Rondônia, 103, Centro-Teixeira de Freitas (73) 3011-2713
CTA/SAE, Pça. João Gonçalves, s/n, Vitória da Conquista (77) 3424-8934
Hospital Geral Roberto Santos, R. Direta do Saboeiro, Cabula, Tel. (71) 3372-2856
Hospital Couto Maia, R. Rio São Francisco, s/n, Monte Serrat, (71) 3316-3084
Hospital Ana Nery, R. Saldanha Marinho, Caixa D?Água-Salvador, (71) 3117-1800

 

Ouça na integra a entrevista da especialista ao Saúde no Ar e tire suas dúvidas:

 

Saiba as orientações do MS para os pacientes, no Vídeo:

 

 

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