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40% da população na fase adulta apresenta refluxo gastroesofágico

Grande parte das pessoas não se trata da maneira correta e apenas mascaram os sintomas com medicamentos

O refluxo gastroesofágico acontece quando gases, líquidos ou sólidos fazem o caminho inverso no estômago e retornam para o esôfago, devido ao músculo que normalmente impede o refluxo, não funcionar corretamente. Este problema pode parecer normal à população e muitas vezes é negligenciado pelos pacientes, mesmo com diversos sintomas que podem aparecer, como: sensação de queimação na garganta, azia, entre outros.

De acordo com o Dr. Eduardo Moura, Diretor do Serviço de Endoscopia Gastrointestinal do Hospital das Clínicas da FMUSP, quase metade da população brasileira apresenta o problema, mas muitas vezes negligenciam o tratamento. “É estimado que 40% dos adultos apresentam refluxo gastroesofágico, sendo 10% deles de forma diária e 30% semanalmente ou mensalmente. E muitas pessoas apenas mascaram os sintomas por meio de medicamentos, ao invés de tratá-los da forma correta”, comentou o especialista.

Quando se fala de tratamento para o refluxo, atualmente umas das opções que  está disponível no Brasil, é um procedimento chamado TIF – Fundoplicatura transoral sem incisão, capaz de tratar a doença, além de reduzir a dependência do uso de medicações em até 80% dos pacientes. Esta técnica, já utilizada desde 2007 nos EUA e em países da Europa, chegou em 2021 no país e teve a sua eficácia comprovada, por meio de uma pesquisa de dois anos realizada dentro do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Durante este período, foi possível constatar que não houve nenhum tipo adverso grave e que a técnica é segura e eficaz no tratamento do refluxo.

O TIF é um procedimento endoscópico em que o segmento distal do esôfago é envolvido por uma parte do estômago, fazendo uma válvula anti-refluxo. “Esta técnica proporciona um resultado muito satisfatório para os pacientes sem hérnia de hiato ou com hérnia menor que 2 cm. Os pacientes com complicações por conta do refluxo ou com hérnia de grandes proporções, habitualmente se beneficiam do procedimento”, comenta Moura.

Segundo o médico, é de extrema importância a chegada deste procedimento endoscópico para que as pessoas se tratem da maneira correta. “Na maioria dos casos, os pacientes fazem o uso de medicações que bloqueiam a formação do ácido que causa o refluxo e isso é muito perigoso, já que não resolve o problema de fato”, explicou. “O principal objetivo do TIF, é tratar o refluxo gastroesofágico de uma maneira que o paciente não necessite mais utilizar remédios”, completou.

Alguns hábitos, como ingerir líquidos durante a refeição, não mastigar bem a comida, se exercitar após comer, fumar, beber, consumir muita gordura e doces podem influenciar no desenvolvimento do refluxo gastroesofágico. E, quando não tratado corretamente, a doença pode trazer outros problemas, como dor torácica não cardíaca, problemas respiratórios, tosse contínua, regurgitação, esôfago de Barrett, vômitos, estenose e pirose. “Por conta disso, não é recomendado utilizar os inibidores da bomba de prótons, que são os medicamentos que reduzem a produção de ácido gástrico, mas sim buscar outras alternativas, entre elas, se este procedimento endoscópico é indicado”, finaliza.

 

Sobre o Dr. Eduardo Moura

Diretor do Serviço de Endoscopia Gastrointestinal do Hospital das Clínicas da FMUSP, Professor Livre-Docente do Departamento de Gastroenterologia da FMUSP, Orientador do Programa de Pós-Graduação em Ciências em Gastroenterologia da FMUSP, e Supervisor do Programa de Residência Médica em Endoscopia da COREME-FMUSP.

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Jorge Roriz

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